EXPRESSO DO TERROR, PESADELO AO VIVO
APROXIMAÇÕES POÉTICAS ENTRE JÚLIO BRESSANE E O CINEMA VERTICAL DE MAYA DEREN EM “BARÃO OLAVO, O HORRÍVEL”
Keywords:
Cinema Vertical, Cinema Marginal Brasileiro, Cinema de Poesia, Júlio Bressane, Maya DerenAbstract
Este texto dedica-se a encontrar paralelos e atravessamentos teóricos entre o conceito de cinema vertical de Maya Deren, defendido pela artista no simpósio Poetry and the Film, e o gesto poético de Júlio Bressane no filme “Barão Olavo, o Horrível” (1970). Contextualizado dentro da produção cinematográfica do cinema marginal brasileiro, a obra de Bressane aqui analisada segue as propostas de quebra e fragmentação da linguagem cinematográfica vigente, motivo pelo qual se contrapõe aos filmes estrangeiros da época e ao cinema novo. Já Deren, pensa o fazer cinematográfico como uma forma de materialização poética como uma abordagem de experiência, ao utilizar as possibilidades da montagem como um fio condutor de sentimentos que podem ser experimentados por meio da construção de sentido que habita entre autor-obra-espectador. Apesar da barreira linguística e geográfica entre Júlio Bressane e Maya Deren, é possível tecer um encontro entre realização e pensamento, já que ambos utilizam o cinema como um catalizador de experiências do sensível, a fim de tensionar a linguagem e produzir uma poética por meio das relações entre cena, encenação, montagem e mise-en-scène. Através de uma breve análise de fotogramas e sequências da obra de Bressane, concebido na lógica do pesadelo e da representação do abjeto, é possível encontrar aproximações entre as concepções sobre a estrutura narrativa poética postulada por Deren a partir da lógica de um cinema pautado sobre uma experiência sensorial, onírica, com uso criativo do tempo. É importante pontuar que o texto não se propõe a realizar uma análise fílmica comparativa entre o cinema de Bressane e Deren, mas uma aproximação dos pensamentos sobre linguagem poética da autora na obra de Bressane.
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