SUJEITO E DISSIDÊNCIA EM A PALAVRA QUE RESTA, DE STÊNIO GARDEL
Palabras clave:
A palavra que resta, Sujeito, Violência, Gênero, SexualidadeResumen
A palavra que resta (2021), do cearense Stênio Gardel, narra a vida de Raimundo Gaudêncio que nascido e crescido na roça não teve a oportunidade de estudar e decide aos seus 71 anos aprender a ler e a escrever. A motivação de Raimundo é principalmente a carta deixada por seu grande amor da juventude, Cícero, antes que se separassem de forma abrupta por conta da homofobia paterna. Com uma prosa delicada, pungente, bela e poética, Gardel conduz o leitor pela vida de Raimundo que é permeada por muitos preconceitos, homofobia internalizada e autoaceitação, além de outros personagens tão emblemáticos e complexos quanto o próprio Raimundo Gaudêncio, sua escrita é completamente envolvente e não à toa esteve entre os dez finalistas do 64º Prêmio Jabuti, e foi o ganhador do National Book Awards 2023, em sua tradução para língua inglesa. Assim, o presente trabalho almeja analisar as dissidências de gênero e sexualidade, bem como as violências que as acompanham, presentes no romance de Stênio Gardel, à luz de conceitos teóricos como os dos autores: Butler (2019a, 2019b, 2022); Preciado (2020, 2022); Bento (2017) e Halberstam (2020). Dessa forma, buscou-se realizar uma análise interpretativa dessa obra da literatura de ficção contemporânea brasileira, e entendemos que, com esta proposta, é possível debater questões relacionadas à temática de gênero, sexualidade e violência que permeiam as vivências dos dissidentes às normas, também evidenciar uma obra que merece todo destaque da crítica e incentivar para que esta seja ainda mais reconhecida pelo leitor brasileiro e estrangeiro.
Citas
BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. 3. ed. Salvador: Editora Devires, 2017.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
BUTLER, Judith P. Desfazendo gênero. Traduzido por Aléxia Bretas, Ana Luiza Gussen, Beatriz Zampieri, Gabriel Lisboa Ponciano, Luís Felipe Teixeira, Nathan Teixeira, Petra Bastone e Victor Galdino. Coordenação da tradução Carla Rodrigues. São Paulo: Editora Unesp, 2022.
BUTLER, Judith P. Atos performáticos e a formação dos gêneros: um ensaio sobre a fenomenologia e teoria feminista. In: Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. (Org.) HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019.
GARDEL, Stênio. A palavra que resta. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
HALBERSTAM, Jack. A arte queer do fracasso. Recife: Cepe, 2020.
PRECIADO, Paul B. Manifesto contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
RIFANE, Isabella. Sucesso de escritor cearense, obra ‘A palavra que resta’ será adaptada para os cinemas. Diário do Nordeste, 2023. Disponível em: < https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/sucesso-de-escritor-cearense-obra-a-palavra-que-resta-sera-adaptada-para-os-cinemas-1.3450955>. Acesso em 14 jul. 2024.
SOBOTA, Guilherme. Stênio Gardel vence o National Book Awards 2023 na categoria literatura traduzida. Publishnews, 2023. Disponível em: <https://www.publishnews.com.br/materias/2023/11/16/stenio-gardel-vence-o-national-book-awards-2023-na-categoria-de-literatura-traduzida>. Acesso em 14 jul. 2024.
TRÉZ, João Gabriel. Prêmio Jabuti: “A palavra que resta”, de Stênio Gardel, é finalista. O povo, 2022. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/vidaearte/2022/10/25/premio-jabuti-a-palavra-que-resta-de-stenio-gardel-e-finalista.html>. Acesso em 14 jul. 2024.
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