IMAGENS E REPRESENTAÇÕES NO DISCURSO DE DESCOLONIZAÇÃO DO FILME LA NOIRE DE...
Keywords:
Descolonização, Representação, Identidade, RejeiçãoAbstract
Este artigo tem como objetivo discutir as relações identitárias estabelecidas pelo movimento de descolonização e pelo ulterior choque originário do encontro, quase sempre frágil, entre duas culturas, em meio aos seus valores, anseios e realidades distintas. Para examinar essas questões, a produção senegalesa La Noire de..., dirigida por Ousmane Sembène e lançada nos cinemas em 1966 (apenas seis anos após a independência do Senegal), foi escolhida como corpus. O filme em questão apresenta a trajetória de Diouana, uma jovem senegalesa que sai de Dakar em direção à Riviera Francesa na busca por melhores condições de vida. O aparato teórico-metodológico mobilizado para o desenvolvimento das análises tem como ponto de partida a escolha de fragmentos significativos, recortados do filme de Ousmane Sembène. Esse gesto de leitura tem como objetivo olhar para a materialidade discursiva, elencando como fundamentação teórica de base os postulados desenvolvidos por Charaudeau (2009, 2015), que lida com os processos de construção identitária a partir do equacionamento da diferença entre grupos, culminando nos movimentos de rejeição e atração. Ademais, para lidar com a questão da desigualdade originária do processo de inscrição do fenômeno da descolonização, as contribuições de Fanon (1961), em sua obra Os condenados da terra, se tornam basilares. Como resultado, observamos que há indícios de uma possível superação discursiva do sujeito colonizado que, embora marcado pelo movimento de rejeição materializado pela inadequação e pelo alheamento, grita pelo reconhecimento de sua dignidade. Esse sujeito escancara em suas narrativas as marcas de estigmas e preconceitos exacerbados pela fricção com o colonizador, responsável direto pelas condições desiguais que vigoram em países como o Senegal.
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