IMAGENS E REPRESENTAÇÕES NO DISCURSO DE DESCOLONIZAÇÃO DO FILME LA NOIRE DE...

Autores

  • Adriana do Carmo Figueiredo Universidad de Buenos Aires
  • Fábio Ávila Arcanjo Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Descolonização, Representação, Identidade, Rejeição

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir as relações identitárias estabelecidas pelo movimento de descolonização e pelo ulterior choque originário do encontro, quase sempre frágil, entre duas culturas, em meio aos seus valores, anseios e realidades distintas. Para examinar essas questões, a produção senegalesa La Noire de..., dirigida por Ousmane Sembène e lançada nos cinemas em 1966 (apenas seis anos após a independência do Senegal), foi escolhida como corpus. O filme em questão apresenta a trajetória de Diouana, uma jovem senegalesa que sai de Dakar em direção à Riviera Francesa na busca por melhores condições de vida. O aparato teórico-metodológico mobilizado para o desenvolvimento das análises tem como ponto de partida a escolha de fragmentos significativos, recortados do filme de Ousmane Sembène. Esse gesto de leitura tem como objetivo olhar para a materialidade discursiva, elencando como fundamentação teórica de base os postulados desenvolvidos por Charaudeau (2009, 2015), que lida com os processos de construção identitária a partir do equacionamento da diferença entre grupos, culminando nos movimentos de rejeição e atração. Ademais, para lidar com a questão da desigualdade originária do processo de inscrição do fenômeno da descolonização, as contribuições de Fanon (1961), em sua obra Os condenados da terra, se tornam basilares. Como resultado, observamos que há indícios de uma possível superação discursiva do sujeito colonizado que, embora marcado pelo movimento de rejeição materializado pela inadequação e pelo alheamento, grita pelo reconhecimento de sua dignidade. Esse sujeito escancara em suas narrativas as marcas de estigmas e preconceitos exacerbados pela fricção com o colonizador, responsável direto pelas condições desiguais que vigoram em países como o Senegal.

Biografia do Autor

Adriana do Carmo Figueiredo, Universidad de Buenos Aires

Doutora em Estudos Linguísticos e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Advogada constitucionalista. Atua no grupo de pesquisa Ficción y Derecho da Facultad de Derecho da Universidad de Buenos Aires (UBA).

Fábio Ávila Arcanjo, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisador de pós-doutorado na mesma instituição. Atua nos grupos de pesquisa Retórica e argumentação (UFMG) e Mídia e memória (PUC-MG).

Referências

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Publicado

19.05.2024

Como Citar

do Carmo Figueiredo, A., & Ávila Arcanjo, F. (2024). IMAGENS E REPRESENTAÇÕES NO DISCURSO DE DESCOLONIZAÇÃO DO FILME LA NOIRE DE. Revista Coletivo Cine-Fórum, 1(1), 59–73. Recuperado de https://revistacoletivocine.xyz/index.php/cineforum/article/view/5

Edição

Seção

Artigos