A POÉTICA DO ANTI-HERÓI SUTIL
UMA ANÁLISE DOS PERSONAGENS DE SUCCESSION
Palavras-chave:
Complexidade narrativa, Personagem, SuccessionResumo
O artigo analisa alguns aspectos da poética dos personagens complexos e anti-heróis no contexto da complexidade narrativa, elaborado por Jason Mittell (Mittell, 2015) em seu livro Complex TV: The Poetics of Contemporary Television Storytelling. Uma das características da complexidade narrativa é a exploração de temas e personagens complexos, permitindo uma gama maior de representação de personagens desagradáveis ou mesmo anti-heroicos, figuras antes relegadas a papéis secundários na narrativa seriada tradicional. O anti-herói, ao contrário do herói clássico, é o protagonista que apresenta ambiguidade moral, podendo recorrer a comportamentos repreensíveis ou mesmo à criminalidade para alcançar seus objetivos, sejam eles nobres (seguindo a lógica de que os fins justificam os meios) ou egoístas. Nosso foco neste trabalho está no subtipo do anti-herói que chamamos de anti-herói sutil. Ao contrário do anti-herói extremo (Liddy-Judge, 2013), caracterizado por um desvio moral pronunciado e criminalidade, o anti-herói sutil representa mais um obstáculo na própria jornada e no seu círculo social mais íntimo, tendo como exemplos os protagonistas de algumas comédias como Fleabag, It’s Always Sunny in Philadelphia e Girls. Tomamos a série de dramédia Succession como estudo de caso e investigamos o conjunto de estratégias narrativas que a série empreende na construção de seus personagens complexos: o hibridismo de gênero, combinando os gêneros dramático e satírico; a adoção do modo de representação observacional característico de alguns documentários e de sua paródia, o mocumentário; e a estratégia da moralidade relativa observada por Mittell (2015). A combinação dessas estratégias proporciona a Succession uma trama sofisticada populada de personagens complexos.
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