DO POPULAR AO MASSIVO
UM ESTUDO SOBRE AS ADAPTAÇÕES DE GABRIELA, CRAVO E CANELA PARA AS TELENOVELAS DA REDE GLOBO
Palavras-chave:
Adaptação, Gabriela, Telenovela, Gênero, Matrizes CulturaisResumo
A adaptação tornou-se um padrão criativo na produção midiática contemporânea. Essa prática envolve intertextualidade, mudança de contexto de realização e, muitas vezes, de mídia, intermidialidade, na qual se associam materialidades e sensorialidades distintas, com reconfiguração dos procedimentos de feitura e de recepção. Neste artigo, evidencia-se a relação entre a literatura popular e as mídias televisivas, especificamente o gênero telenovela. Esse produto televisivo – assim como as radionovelas- tem em sua gênese traços pertencentes ao folhetim e ao melodrama. Para tanto, analisam-se as características folhetinescas e os temas melodramáticos presentes nas telenovelas decorrentes das atualizações de gênero, evidenciando as marcas do popular que interpela o receptor a partir do massivo na transposição do romance Gabriela, cravo e canela (1958), de Jorge Amado, para os produtos culturais Gabriela realizados pela Rede Globo (1975, 2012). Na retomada do romance pelos audiovisuais midiáticos, verifica-se sobre quais perspectivas esses traços atuam como elementos que trazem em si reminiscências do romance adaptado, mas também podem ser entendidos como aspectos que atualizam os textos derivados que conciliam em si matrizes curriculares e outras lógicas de produção. Constatou-se que a presença das matrizes culturais populares na composição do massivo apontam que o gênero, entendido como um conceito que atravessa tanto as condições de produção como as de consumo de uma obra, constitui-se em dispositivo para se compreender o quanto do popular está presente nos produtos culturais televisivos, ressaltando que nos objetos estudados há a presença de ampliação de personagens e tramas, característica advinda do folhetim e a luta do bem contra o mal, tema presente nos melodramas.
Referências
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OBRAS AUDIOVISUAIS
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