A LIBERDADE E O CORPO NO DIÁLOGO ENTRE UM PADRE E UM MORIBUNDO DE MARQUÊS DE SADE

Resumo

O presente artigo aborda o pensamento filosófico do escritor francês Donatien Alphonse François de Sade (1740-1814) sobre os conceitos de liberdade e de corpo num debate que envolve o conflito entre duas posições antagônicas. De um lado, o ateísmo do autor e do outro a posição religiosa sobre tais temas. Distanciando de suas obras de literatura com a temática erótica, o estudo realizado é baseado num trabalho em que o escopo é a problemática levantada por Sade acerca da existência de Deus dentro dos limites das faculdades humanas e o obstáculo que o livre-arbítrio religioso impõe na vontade e liberdade dos indivíduos. Partindo do texto Diálogo entre um padre e moribundo (1782), a hipótese levantada é que Sade pensa o corpo como um meio de apreender o mundo através do registro sensível. E a chave para entender e elaborar sua concepção de ateísmo é estritamente ligada na relação entre o ser e o exterior. O propósito deste estudo é apresentar uma perspectiva do escritor que demonstra sua abordagem filosófica através do debate teórico entre duas personagens. A metodologia adotada para pesquisa foi realizada em dois passos. Primeiramente, a análise do diálogo a partir de dois comentadores da obra de Sade, Augusto Contador Borges (2009) e Eliane Robert Moraes (2006). Em seguida, relacionar a obra em questão com outras do escritor setecentista, “Da imortalidade da alma” (1791) evidenciando que os temas desenvolvidos por Sade não aparecem apenas em uma única obra isoladamente e compreender que o escritor pensa o corpo como um meio fundamental conhecer o mundo e é a partir dele e do uso da razão que a vontade humana é desvencilhada da ilusão causada pelo pensamento religioso que está em dominância em sua época.