perseguidas, discriminadas e marginalizadas, como aconteceu com
o Tambor de Crioula. A fantasia do casal de Mestre-Sala e Porta-
Bandeira remete aos primeiros sambistas, que persistiram em cantar
e dançar o samba na Cidade de São Sebastião. A circularidade é
outro ponto em comum a essas práticas culturais: tudo gira, tudo
roda, tudo é dança e circular. Nos rodopios da Porta-bandeira, a roda
da saia une simbolicamente o Tambor de Crioula do Maranhão e o
Samba do Rio de Janeiro.
Ala 1 – Baianas
(40 componentes)
Povo Jeje Mina
Representam a fé e a religiosidade dos habitantes do antigo Reino do
Daomé, que foram explorados e sequestrados pelos portugueses para
serem escravizados no Maranhão. O principal Vodun da nação Jeje
é Dan, a serpente da vida, que mordeu a própria cauda para dar
origem ao movimento de rotação e translação da terra. Em 1990, a
Acadêmicos do Engenho da Rainha apresentou o enredo Dan, a
Serpente Encantada do Arco-íris, com um samba antológico
premiado com Estandarte de Ouro. Neste desfile, ao homenagear a
nação Jeje, as baianas da Primeira Academia batem cabeça para
todos os seus antepassados – do Daomé ao Morro do Engenho.
Ala 2
Nochê Sobô Babadi Vodun feminino que rege os ventos, os raios e os trovões. O sopro
– A força dos
ventos
Toi Averekete
de Nochê Sobô Babadi sobre o mar impulsionou os navios da África
ao Brasil, ao mesmo tempo que amenizou as dores dos escravizados.
Vodun relacionado ao mar e à pesca. Filho mais jovem de Sobô,
intermedia a relação entre os voduns do céu e os voduns do oceano.
No Maranhão, as cerimônias religiosas praticadas pelos
escravizados em louvor a Averekete deram origem ao Tambor de
Crioula.
(30 componentes)
Ala 3
(30 componentes)
Ala 4
Diáspora no balanço Em Ouidah, principal cidade portuária do antigo Reino do Daomé,
do mar
foi construída a Porta do Não Retorno, último pedaço de solo
africano pisado pelos escravizados antes do embarque. Dali, o povo
Jeje Mina foi lançado ao mar de Averekete em uma diáspora forçada
para a escravidão em São Luís do Maranhão.
(16 componentes)
Musa Patrícia Miranda
Alegoria 1
Riquezas de
Averekete
As águas que
rodeiam a Ilha de
Upaon-açu
A arrebentação traz à Ilha de Upaon-Açu as riquezas do mar de
Averekete.
Fundada em uma ilha, as águas do mar assumiram importância
relevante para cultura popular em São Luís. A alegoria representa as
lendas e os mistérios que habitam as águas ludovicenses.
Semi-destaque
Débora
Encantos marinhos Representa os encantos e mistérios do fundo do mar.
Destaque
Nilo Cesar Barbosa
Encantamento de
Dom Sebastião
Diz a lenda maranhense que Dom Sebastião, Rei de Portugal, tornou-
se um ser encantado após desaparecer na Batalha de Alcácer-Quibir.
Seu reino está oculto no fundo do mar, próximo a São Luís, e seu
navio nunca encontra a rota de volta a Portugal.
Composições
Composições
Riquezas do fundo
do mar
Seres do fundo do
mar
Representam as riquezas do Reino de Dom Sebastião submerso nas
águas litorâneas do Maranhão.
Representam a fauna misteriosa que habita o Reino de Dom
Sebastião submerso nas águas litorâneas do Maranhão.
SEGUNDO SETOR: AFRICANIDADES NA CULTURA LUDOVICENSE
Encantados do Mar O culto aos Encantados é uma parte importante do Tambor de Mina,
principal religião de matriz africana no Maranhão. Tratam-se de
espíritos de pessoas que não morreram, mas se encantaram –
desapareceram misteriosamente, tornaram-se invisíveis ou se
transformaram em animais, plantas ou seres mitológicos. Esta ala
representa os espíritos de náufragos e desaparecidos em navegações
que se encataram em uma simbiose com outros seres marinhos,
como algas e estrelas-do-mar.
Ala 5
(20 componentes)
Ala 6
(21 componentes)
Encantados da
Floresta
Representa os Encantados que integram a Família de Surrupira na
Encantaria maranhense. Composta por índigenas e caboclos
selvagens, que não gostam de contato com a civilização. Conhecidos
como feiticeiros e "quebradores de demanda", foram cultuados na
Casa das Minas como entidades de limpeza. Também são ligados ao
Rei Sebastião e, portanto, relacionam-se ao mesmo tempo às águas
do mar e às matas.
Ala 7 – Passistas
(40 componentes)
Encantados do Fogo Representa a Família de Encantados da Bahia, composta por
caboclos farristas, sincretizados na umbanda com os Exus e as
Pombogiras. Desde sua origem até os dias de hoje, o fogo é essencial
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Revista Coletivo Cine-Fórum – RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás