Samuel Carvalho Lima Silva
https://orcid.org/0009-0000-9258-9243
Mestrando do Programa de Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Cinema e Artes do Vídeo
(PPG-CINEAV) da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Curitiba II/Faculdade
de Artes do Paraná (FAP), vinculado à linha de pesquisa (1) Teorias e Discursos no Cinema e nas
Artes do Vídeo. Membro do grupo de pesquisa NAVIS (Unespar/CNPq), grupo interinstitucional
voltado à investigação teórica, histórica e crítica no campo das artes visuais. Bacharel em Jornalismo
pelo Centro Universitário INTA - UNINTA.
Master’s student in the Academic Master’s Program in Cinema and Video Arts (PPG-CINEAV) at the State
University of Paraná (Unespar), Curitiba II campus/Paraná Arts College (FAP), affiliated with the research line
(1) Theories and Discourses in Cinema and Video Arts. Member of the NAVIS research group
(Unespar/CNPq), an interinstitutional group focused on theoretical, historical, and critical investigation in the
field of visual arts. Holds a Bachelor's degree in Journalism from INTA University Center - UNINTA.
.
Este artigo passou por avaliação por pares cega e software anti-plágio.
LICENÇA ATRIBUIÇÃO NÃO COMERCIAL 4.0 INTERNACIONAL CREATIVE COMMONS CC BY-NC
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EXPRESSO DO TERROR, PESADELO AO VIVO: APROXIMAÇÕES
POÉTICAS ENTRE JÚLIO BRESSANE E O CINEMA VERTICAL DE
MAYA DEREN EM “BARÃO OLAVO, O HORRÍVEL”
RESUMO
Este texto dedica-se a encontrar paralelos e atravessamentos teóricos entre o conceito de cinema vertical
de Maya Deren, defendido pela artista no simpósio Poetry and the Film, e o gesto poético de Júlio
Bressane no filme “Barão Olavo, o Horrível” (1970). Contextualizado dentro da produção
cinematográfica do cinema marginal brasileiro, a obra de Bressane aqui analisada segue as propostas de
quebra e fragmentação da linguagem cinematográfica vigente, motivo pelo qual se contrapõe aos filmes
estrangeiros da época e ao cinema novo. Já Deren, pensa o fazer cinematográfico como uma forma de
materialização poética como uma abordagem de experiência, ao utilizar as possibilidades da montagem
como um fio condutor de sentimentos que podem ser experimentados por meio da construção de sentido
que habita entre autor-obra-espectador. Apesar da barreira linguística e geográfica entre Júlio Bressane
e Maya Deren, é possível tecer um encontro entre realização e pensamento, que ambos utilizam o
cinema como um catalizador de experiências do sensível, a fim de tensionar a linguagem e produzir uma
poética por meio das relações entre cena, encenação, montagem e mise-en-scène.Através de uma breve
análise de fotogramas e sequências da obra de Bressane, concebido na lógica do pesadelo e da
representação do abjeto, é possível encontrar aproximações entre as concepções sobre a estrutura
narrativa poética postulada por Deren a partir da lógica de um cinema pautado sobre uma
experiência sensorial, onírica, com uso criativo do tempo. É importante pontuar que o texto não se
propõe a realizar uma análise fílmica comparativa entre o cinema de Bressane e Deren, mas uma
aproximação dos pensamentos sobre linguagem poética da autora na obra de Bressane.
Palavras-chave: Cinema Vertical. Cinema Marginal Brasileiro. Cinema de Poesia. Júlio Bressane.
Maya Deren.
TERROR EXPRESS, A LIVE NIGHTMARE: POETIC APPROACHES BETWEEN
JÚLIO BRESSANE AND MAYA DEREN'S VERTICAL CINEMA IN "BARON
OLAVO, THE HORRIBLE"
ABSTRACT
This text is dedicated to finding theoretical parallels and intersections between Maya Deren's concept
of vertical cinema, as presented by the artist at the symposium "Poetry and the Film," and the poetic
gesture of Júlio Bressane in the film "Baron Olavo, the Horrible" (1970). Situated within the cinematic
production of Brazilian marginal cinema, Bressane’s work analyzed here follows the proposals for
breaking and fragmenting the prevailing cinematic language, thus positioning itself in contrast to foreign
films of the time and the Cinema Novo movement. Deren, in turn, conceives of filmmaking as a form
of poetic materialization and experiential approach, utilizing the possibilities of montage as a conduit
for emotions that can be experienced through the construction of meaning residing among author, work,
and viewer. Despite the linguistic and geographic divide between Júlio Bressane and Maya Deren, a
meeting between creation and thought is possible, as both use cinema as a catalyst for sensory
experiences, aiming to challenge language and produce a poetics through relationships between scene,
staging, montage, and mise-en-scène. Through a brief analysis of frames and sequences from Bressane's
work, conceived within the logic of nightmare and the representation of the abject, it is possible to find
approximations with Deren's conceptions of poetic narrative structure, grounded in a sensory and
dreamlike cinematic experience, with creative use of time. It is important to note that this text does not
intend to conduct a comparative film analysis between Bressane’s and Deren’s cinema but rather an
exploration of Deren’s poetic language insights within Bressane’s work.
Keywords: Vertical Cinema. Brazilian Marginal Cinema. Cinema of Poetry. Júlio Bressane. Maya
Deren.
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INTRODUÇÃO
Um homem balança um guarda-chuva enquanto escutamos uma gargalhada ao fundo.
Em seguida, acompanhamos uma cerimônia de enterro em um cemitério, rodeado por pessoas
desconhecidas, em um dia nublado. Um sacerdote profere palavras sobre morte. Essa sequência
de abertura de “Barão Olavo, o Horrível” dita o tom rodeado por imagens de pesadelo que
veremos a seguir. Dirigido e roteirizado por Júlio Bressane, em coprodução de Rogério
Sganzerla, realizado durante sua atuação na produtora Belair Filmes, que durou de fevereiro a
maio de 1970, o filme condensa experiências estéticas de Bressane no campo do cinema de
horror brasileiro.
Durante os 70 minutos do filme somos introduzidos a uma crescente de acontecimentos
bizarros, sem nexo aparente, com personagens cujas intenções são desconhecidas, sob
deslocamentos temporais que não obedecem a uma ordem lógica. Ao se apoiar em uma
linguagem fragmentada, fica explícito o empenho do diretor em quebrar uma cadeia sequencial
narrativa, comprometido em tensionar os limites do “cinema de conscientização” vigente na
época em que foi produzido.
Constituído dentro do cinema marginal, “Barão Olavo, o Horrível” carrega consigo as
marcas estilísticas que Ismail Xavier classifica como uma vertente do cinema brasileiro
moderno que recusou de forma mais incisiva a narrativa convencional, ultrapassando os limites
daquela experiência de renovação que o cinema de autor no Brasil, o Cinema Novo havia
conduzido até 1968.” (Xavier, 2006, p. 5). Pautado sobre esta nova forma de produção
cinematográfica à época, o cinema de Júlio Bressane traça uma ótica de desconstrução da
experiência narratológica, que leva o espectador a um desconforto estético sob as imagens a
qual o filme apresenta. Esta noção pode ser elencada não apenas a partir das temáticas propostas
pelo diretor, na qual destacamos a exploração do grotesco, do abjeto e do horror, mas também
sob o aspecto formal de sua obra, pautada sobre uma suspensão de nexo e montagem
fragmentada que abertura para explorar a descontinuidade espacial e temporal, a
decomposição da mise-én-cene, dos fragmentos de cena e falta de equivalência narrativa entre
planos que só poderão ser absorvidas através das experiências sensória da obra.
Por meio da compreensão do experimentalismo de Bressane, podemos encontrar
elementos que ressoam não apenas na concepção poética que circunda o cinema de invenção,
conforme titulado por Jairo Ferreira que Bressane recusa entender a sua produção como
marginal, mas que também estabelece conexões com as propostas de Maya Deren sobre as
potencialidades do cinema como expressão poética.
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Ao tomar a representação da imagem-pesadelo desvinculada do ato de sonhar de um
personagem ou de uma consciência narratológica, Bressane utiliza tal linguagem para romper
a estética hegemônica e criar um fluxo de consciência própria em seu filme, com intuito de
desvincular uma acepção pautada sobre os motivos de consequência-ação. Tal medida é
recorrente no pensamento de Deren, ao aproximar a montagem cinematográfica da poesia e do
sonho, eliminando a necessidade de uma estrutura lógica, uma supracitação da realidade que
vai de encontro com a racionalidade sensorial da ideia e da emoção.
A montagem de um filme cria a relação sequencial que proporciona um
sentido novo ou particular para as imagens de acordo com sua função; ela
estabelece um contexto, uma forma que a transfigura sem distorcer seu
aspecto, diminuir sua realidade e autoridade, ou empobrecer aquela variedade
de funções potenciais que é a dimensão característica da realidade (Deren,
2012, p. 145).
A partir da análise dos elementos audiovisuais e narrativos de “Barão Olavo, o Horrível”
é possível mergulhar em proposições de significação que atravessam uma produção de sentido
onírica, assim como Deren pautou em suas formulações, tomando como base uma estrutura
verticalizada de construção cinematográfica na montagem, afinal elas (as sequências) se
relacionam, pois se mantém unidos por uma emoção ou significado que m em comum, não
pela lógica da ação”
1
(Deren, 1953, tradução livre). Antes de nos aprofundarmos nas
aproximações entre Bressane e Deren, é necessário contextualizar a complexidade do
experimentalismo proposto pelo movimento marginal no Brasil e as noções de poesia que
precedem tal entendimento poético.
A POÉTICA DA INVENÇÃO: O LIXO COMO UMA ESTÉTICA DO
SUBDESENVOLVIDO
Situado em período de forte repressão pelo aparato estatal da ditadura militar brasileira,
das correntes cinematográficas de contestação ao classicismo hollywoodiano e das novas
abordagens para compreensão da linguagem cinematográfica como potencializadora da poética
da imagem em movimento, o Cinema Marginal, assim batizado por críticos e teóricos
contemporâneos à sua realização, denota uma latente ruptura com as formas vigentes do fazer
cinema no Brasil até aquele momento.
Entendido inicialmente como uma segunda fase do Cinema Novo, tal proposição surge
como uma nova vertente no cinema brasileiro, inspirado em incursões experimentalistas
1
A fala original de Deren: they are related because they are held together by either an emotion or a meaning that they have in common, rather
than by the logical action.”
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estrangeiras que não apenas a norte-americana, mas também nas correntes francesas e italianas,
ao aglutinar estas referências à influência do cinema de Mário Peixoto, as chanchadas, o
tropicalismo e também referências literárias como Lima Barreto, Machado de Assis e o
cancioneiro popular dos anos 30.
O cinema marginal se desenvolve dentro do mesmo contexto político do Cinema Novo,
que marcado pelo manifesto “Eztetyka da Fome” de Glauber Rocha, proclama o
subdesenvolvimento com uma manifestação legítima de um cinema com propósito. Marcado
por este mesmo sentimento de proclamação de uma identidade de terceiro mundo, o movimento
marginal teceu sua acepção a partir da degradação e da repulsa, em contraponto a deglutição
promovida por uma hegemonia cultural global. Além dessas questões, também se destaca as
condições do fazer cinematográfico brasileiro como uma produção de país subdesenvolvido,
modelo cujo Paulo Emílio Salles Gomes em seu artigo “Uma Situação Colonial?” denomina
como medíocre em todas as suas esferas (Gomes, 1960).
Voltado para o desenvolvimento da produção autoral, os produtos da época que ficaram
marcados entre os anos 1968 e 1973, por um curto período de tempo, se pronunciavam como
um reflexo da realidade brasileira, a verdadeira estética do lixo e da esculhambação. Segundo
Adriane Puresa,
Seus filmes expressavam a conturbada cena política e social da época,
demonstrando a desilusão diante das falsas promessas dos governantes através
do deboche de seus personagens, do abjeto, da imagem do grotesco, da
ambientação em lixões e periferias da cidade. E apresentando pessoas se
comportando como animais (Bangbang), ingerindo alimentos achados na rua
ou em depósitos de lixo (Copacabana monamour); dilacerações físicas;
castrações (Orgia ou o homem que deu cria); vômitos; deglutição aversiva de
comida, comer deixando escapar pelos cantos da boca (Os monstros de
Babaloo); babas escorrendo pela boca (A família do barulho); defecação
(Bangbang); deterioração de comidas sobre a mesa ou pelo chão; corpos
imundos; normalmente rolando na lama ou se arrastando no lixo (Gamal, o
delírio do sexo); o horror, temores pré-históricos e incomensuráveis; além de
excesso de sons guturais; locação em periferias das cidades, como lixões ou
áreas semidestruídas ou no meio de um trânsito caótico; enquadramentos
desleixados, entre outras coisas que tentavam mostrar o ser humano na sua
condição mais primitiva (Puresa, 2013, p. 23).
Diferente do Cinema Novo, o Cinema Marginal nunca apresentou um manifesto de fato,
o que não o conceitua dentro de padrões estéticos delimitados. Dessa forma, a inventividade
inerente à autoria das obras que abarcam tal conceituação é uma característica desse momento
na história do cinema brasileiro, marca esta que dialoga com o quê cineasta do movimento e
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crítico de cinema Jairo Ferreira passa a denominar como cinema de invenção, nomenclatura
qual se alinha ao pensamento de Bressane, visto que este rejeita o seu cinema como marginal.
Todo este aparato confere ao cinema de invenção uma perspectiva diferente à noção de
autoria cujo cinema novo se apropriou, utilizando uma linguagem que ao mesmo tempo unia
gêneros que antes descartados pelos cineastas por considerá-los uma expressão de cinema
inferior como as comédias de costumes, o horror e as chanchadas, remodelando-as à sua
maneira, ao mesmo tempo em que promovia um rompimento da obra com o público da época.
No cinema, o recurso ao choque trazido pelas justaposições inesperadas
propicia um retorno de experiências antes mantidas à distância do cinema de
autor, como a comédia popular (caso de O bandido da luz vermelha,
Sganzerla, 1968), num contexto em que o autor descarta a matriz romântica
de autonomia e pureza (Xavier, 2006, p. 8).
Ao lançar luz sobre a obra de Bressane no início de sua atividade como diretor, tomando
como ponto de partida o filme “O Anjo Nasceu” (1967), é cabível dizer que sua obra radicaliza
esta estética. Segundo Ana Beatriz Marcelino, da “exploração do kitsch ao cafonismo, junto ao
psicodélico, ao pop, punk e hippie, tem-se uma bricolagem de estilemas cujos significados
evocam um caleidoscópio de sentidos por vezes vertiginosos, que Bressane não economizou
em seus primeiros longas.” (Marcelino, 2015, p. 4)
Mais do que apenas expor o subdesenvolvimento, por meio da invenção, o cinema
marginal brasileiro buscou superar uma identidade cultural homogênea, pondo a revelia os
contrastes sociais do país através da manifestação de hiper-realidade, desvinculado de uma
representação factual do mundo, das relações e da própria realidade, enfatizando a degradação,
a violência, o imoral, o sujo e o lixo, como imagens representativas de uma exacerbação do
real, contestando e engolindo uma ideologia de primeiro mundo e devolvendo um vômito que
evoca as condições mais marginalizadas da sociedade, a manifestação de uma poética do lixo.
Esta noção de realidade distorcida pela imagem abjeta pode ser exemplificada em “A Família
do Barulho” (1970), filme realizado por Bressane no mesmo período de “Barão Olavo, o
Horrível”, o qual destacamos neste texto.
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Figura 1, 2 e 3 - Sequência de cenas do filme “A Família do Barulho
Fonte: A Família do Barulho, 1970
No filme, vemos os três protagonistas, figuras à margem da sociedade, frente à câmera
sob esta manifestação de realidade supracitada. O primeiro em estado de transe, observa-se uma
lágrima negra a escorrer pelo rosto (Figura 1). O segundo, após 40 segundos encarando a
câmera, e por consequente, o próprio espectador, esconde o rosto em pranto (Figura 2). Por fim,
a última, também em estado de transe, e assim com o antecessor mantendo seus olhos fixos na
câmera, após um minuto neste estado, expele uma gosma escura pela boca (Figura 3).
Tal representação de realidade adentra um território poético que vai de encontro desde
Bresson, até Buñel e Deren. Como destaca Xavier, é uma “transmutação dos dois estados
aparentemente contraditórios, sonho e realidade, numa espécie de realidade absoluta, de
surrealidade” (Xavier, 2005, p.112). Utilizar o fantástico para tecer uma realidade mista que
orbita entre o comentário social, a imagem, o sonho e a estética do lixo.
O PESADELO COMO ESTÉTICA E POÉTICA
Em “Barão Olavo, O Horrível”, Júlio Bressane reproduz as características poéticas do
cinema marginal utilizando a linguagem do cinema de horror, reverenciando a estética
horrorífica presente no mesmo movimento, com destaque à produção de José Mojica Marins e
seus filmes de terror com o personagem Zé do Caixão.
No filme em questão, somos apresentados a sequências aparentemente desconexas e
sem uma narrativa clássica, movida apenas pela produção de sentido das imagens e da misé-en-
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scene em torno de uma estética de pesadelo, livre do sonhar. Na obra, é anunciada a existência
do Barão, um velho obcecado por morte, cadáveres e violência. Também acompanhamos duas
mulheres que vivem na casa de campo do Barão, com motivações e ações desconhecidas,
performando situações estranhas e trocando carícias homoafetivas.
Ao renunciar a narrativa, Bressane escolhe a primazia da imagem e do sentimento de
horror em oposição à gica da narratologia. O que importa são as percepções do espectador
em torno de passagens que evocam estranhamento, medo e repulsa. O tempo também é um
elemento cuja naturalidade parece ser supracitada em relação a uma passagem de tempo
convencional, já que a desconexão das cenas traz sequências que não determinam o filme num
tempo-espaço, alternando entre imagens de dia, tarde e noite sem uma convenção lógica.
Dessa forma, Bressane busca romper com uma condução fílmica coercitiva pelos
aspectos formais do filme (roteiro, atuação, direção, enquadramentos etc) e opta por uma
experiência sensorial a partir do abstracionismo de uma realidade que passa pelo onirismo,
voltado ao pesadelo. Para além das imagens, o som também é um elemento que corrobora para
criar a atmosfera citada ao abdicar o acompanhamento musical na trilha sonora e focar em foleys
que não correspondem com o anunciado em tela. Em dados momentos escutamos risadas
guturais em ambientes vazios, barulhos de matagal e grilos dentro da casa de campo, gritos
avulsos, alguém proferindo passagens bíblicas enquanto em tela o que presenciamos são
imagens desconexas, sons de sinos, o assobio do vento e até a suspensão sonora por completo.
Para exemplificar essa desconexão entre imagem e som, em uma das cenas vemos a
personagem de Helena Ignez, que interpreta uma das mulheres que vive na casa do Barão,
gritando em uma expressão que pode ser compreendida como apreensão ou medo. Entretanto,
nenhum som sai de sua boca, escutamos apenas o assobio do vento (Figura 4).
Figura 4 - Helena Ignez em “Barão Olavo, O Horrível”.
Fonte: Barão Olavo, o Horrível, 1970.
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É possível correlacionar as opções poéticas escolhidas para Bao Olavo no que Gilles
Deleuze caracteriza como imagem-sonho, expondo o espectador a uma diversidade de
sensações visuais e sonoras, separadas de um reconhecimento de memória e do conhecimento
motor da operação do mundo, de modo que nenhuma lembrança corresponda a esta forma de
reconhecimento de mundo ou que se adeque a tal situação ótica e motora. Tais sensações não
são alheias ao mundo exterior e interior, mas de acordo com a conceituação de Bergson sobre
o sonho, tais percepções são colocadas “em relação com lençóis de passado fluidos e maleáveis,
com ajustes frouxos e flutuantes” (Damasceno, 2015, p. 79). Bergson conceitua a formulação
imagética do sonhar a partir do registro do passado através de hábitos motores, cuja conservação
da memória relaciona imagem, sonho e realidade através de uma imagem-lembrança. (Bergson,
1999). Ainda em Deleuze, este formula a imagem-sonho em dois pólos de acordo com sua
produção técnica.
“Um procede por meios ricos e sobrecarregados, fusões, superimpressões,
desenquadramentos, movimentos de câmera, efeitos especiais, manipulações
de laboratório, chegando ao abstrato, tendendo à abstração. O outro, ao
contrário, é bem sóbrio, operado por cortes bruscos ou secos, procedendo
apenas a um perpétuo desprendimento que a impressão de sonho, mas entre
objetos que continuam a ser concretos. A técnica da imagem remete sempre a
uma metafísica da imaginação: são duas maneiras de conceber a passagem de
uma imagem à outra (Deleuze, 2022, p. 89-90).
Dessa forma, no que diz respeito à construção da imagem-sonho em “Barão Olavo, O
Horrível” é plausível posicioná-lo no segundo pólo, tanto no que diz respeito à sobriedade das
escolhas estéticas como pela forma que Bressane opera a montagem do filme. Além de cortes
abruptos, há também a repetição de imagens, gestos, a sequência ilógica de cenas, a suspensão
abrupta do fluxo das ações e o uso de justaposições de cenas. Utilizando elementos concretos
de realidade, o diretor recusa em sua montagem a teleologia, movimento que Xavier (2006)
define como “um traço assimilado de composição, e o esquema serial, com a repetição ad
nauseum do gesto, define um jogo de variações que não converge, um princípio estrutural da
forma.”
Sobre tais gestos de desconstrução formal, Bressane lapida uma imagem-pesadelo. A
partir de uma poética de justaposição, o diretor dissolve as amarras da teleologia, esgarçando
as noções de tempo-espaço para compor os signos que são referentes a estética do medo e do
abjeto, entremeando ainda a imagem-texto e a música-signo como elementos que compõem
esse campo abstracional da poética no cinema bressaniano, com destaque para sua produção
em “Barão Olavo, o Horrível”.
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O CINEMA DE INVENÇÃO DE ENCONTRO AO CINEMA VERTICAL
Os aspectos poéticos de Bressane em “Barão Olavo, o Horrível”, principalmente no que
dizem respeito à construção onírica, meios de realização, montagem e lógica, vão de encontro
com a conceituação de Maya Deren sobre o cinema vertical, proposta defendida pela artista e
cineasta como uma estrutura lírica - vertical - em oposição a estrutura narrativa do cinema -
horizontal - cujo interesse se direciona a carga dramática da obra. Assim defende Deren tal
estrutura:
A relação entre as imagens nos sonhos, na montagem e na poesia - é que elas
estão relacionadas porque são unidas por uma emoção ou um significado que
têm em comum, ao invés de por uma ação lógica. Em outras palavras, não é
que uma ação leva a outra ação (isso é o que eu chamaria de um
desenvolvimento ‘horizontal’), mas elas são trazidas para um centro, reunidas
e coletadas pelo fato de que todas se referem a uma emoção comum, embora
os incidentes em si possam ser bastante díspares. Enquanto isso, no que é
chamada de um desenvolvimento ‘horizontal’, a lógica é a lógica das ações.
Em um desenvolvimento ‘vertical’, é uma lógica de uma emoção ou ideia
central que atrai para si mesmo até mesmo imagens díspares que contêm
aquele núcleo central que elas têm em comum. Isso, para mim, é a estrutura
da poesia (Deren, 1953, tradução livre)
2
.
Assim como pretendido pelos cineastas de invenção e outros teóricos que propunham
uma visão poética da imagem em movimento como Pasolini, Vertov e Godard, Deren determina
que a participação ativa do espectador seja fundamental para a constituição de um cinema
poética, onde quem assiste deva estar comprometido a perceber as nuances de como acontece
a cena e não o que acontece na cena, incluindo o espectador na construção de sentido do
filme. Ainda em sua fala no simpósio Poetry and the Film, Deren questiona a participação ativa
dos espectadores em termos receptivos aos filmes e à poesia:
Eu acho que as distinções são importantes como fórmulas e rigidez, mas
porque acredito que elas são importantes no sentido de que oferecem ao
público, ou a qualquer público potencial, uma preparação, uma abordagem,
para o que eles vão ver. No sentido de que, se eles acham que vão assistir a
um filme de aventura, e se são confrontados com um filme poético, isso não
vai dar muito certo. Não acho que se estejam sempre predispostos à poesia.
(Deren, 1953, tradução livre)
3
2
A fala original de Deren: “The relationship between the images in dreams, in montage, and in poetry - is they are related because they are
held together by either an emotion or a meaning that they have in common, rather than by the logical action. In other words, it isn’t that one
action leads to another action (this is what I would call a ‘horizontal’ development), but they are brought to a center, gathered up, and collected
by the fact that they all refer to a common emotion, although the incidents themselves may be quite disparate. Whereas, in what is called a
‘horizontal’ development, the logic is a logic of actions. In a ‘vertical’ development, it is a logic of a central emotion or idea which attracts to
itself even disparate images which contain that central core which they have in common. This, to me, is the structure of poetry.
3
A fala original de Deren: I think distinctions are important as formulae and as rigidities, but I think they're important in the sense that they
give an audience, or any potential audience, a preparation, an approach, to what they're going to see. In the sense that if they're thinking they
are going to see an adventure film, and if they are confronted with a poetic film, that's not going to go very well. I don't think one is always
predisposed towards poetry
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Em “Barão Olavo, o Horrível”, podemos exemplificar e aproximar algumas postulações
teóricas de Deren com a visão poética de Bressane, visto que no filme em questão, a quebra
incisiva da narrativa convencional proposta pelo autor é um determinante para que a construção
de sentido seja ativada pelas percepções do espectador e não pela formalidade fílmica. Tal
experiência passa pelo processo de significação de cenas que não se conectam entre si através
de uma sequência lógica, mas pela evocação do sentimento horrífico e assombroso, cujo diretor
emula através de imagens que evocam o pesadelo. Esse sentimento, reforçado pela imagem,
montagem e sonoplastia, transforma o espectador no principal fio condutor de significância
dentro do filme.
Podemos exemplificar tal consonância em passagens que se dedicam a arquitetar a aura
de sonho-pesadelo-desconexão. Tomamos para análise a seguinte sequência: Vemos uma
mulher romani tendo sua mão lida por um homem em vestes cerimoniais que o avisa um mau
presságio e adverte: pede para ter cuidado com o Barão (Figura 5). Em seguida, o próximo
plano, numa movimentação de câmera panorâmica, mostra um parque de diversões vazio numa
noite de chuva, enquanto escutamos gritos e risadas guturais saindo do brinquedo que se
denomina “expresso do terror: pesadelo ao vivo” (Figura 6), sequência que finaliza em um corte
seco. A cena seguinte concentra-se em duas mulheres num jardim em um dia nublado se
acariciando, filmado em plano aberto (Figura 7).
Figuras 5, 6 e 7 - Sequência de cenas do filme “Barão Olavo, o Horrível”.
Fonte: Barão Olavo, o Horrível
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As três cenas não apresentam nenhuma narrativa lógica dentro da estrutura do filme,
muito menos são ligadas por uma questão de espacialidade ou temporalidade, são apenas
conectadas pela montagem através do sentimento comum de estranheza ou horror,
determinadas pela compreensão de quem o assiste. Tal prerrogativa também evoca o uso do
cinema para emular uma lógica de sonho, onde a ação-reação não demanda uma prática
sequenciada.
Enquanto Deren, utiliza o corpo como principal ponto de negociação entre fluxo e corte,
utilizando-os como instrumentos de ligação entre um plano e outro, Bressane abdica
completamente a necessidade de uma imagem ou objeto como intermediário de ligação entre
cenas. Se Deren tem no raccord a costura entre saltos temporais-espaciais em tela, Bressane
utiliza apenas o sentimento, como uma cola sensorial que rejeita o princípio em que tudo deve
girar em torno da cena e que Xavier determina como um “espaço de reflexão que não depende
das ações, embora possa estar referida a elas” (Xavier, 2006, p. 9), uma característica do estilo
disjuntivo de Bressane.
O uso do tempo também é um fator que aproxima o pensamento de Deren sobre o
cinema de poesia e o fazer de Bressane, no qual o diretor o utiliza de maneira elástica, a
depender do tipo de sentimento que ele trará para a cena. Enquanto Deren entende a
possibilidade de modulação temporária da montagem como uma forma de expansão do tempo
por meio do uso de câmeras lentas, variação da velocidade no plano de montagem e
atravessamentos temporais entre as cenas para revelar uma realidade que não é possível ser
vista a olhos humanos, Bressane também utiliza o tempo para romper com as formalidades
narratológicas do cinema convencional, apesar de utilizá-lo de forma mais sóbria que Deren,
que exemplifica o uso criativo do tempo pelo cinema de poesia como um fluxo que não está
preocupado com o que está ocorrendo, mas sim com o que parece ou significa, criando formas
visíveis para o que é invisível, que é o sentimento ou a emoção
4
(Deren, 1953, tradução livre)
Por mais que Bressane não abuse de técnicas usadas por Deren na montagem para
distorcer a percepção temporal, é através de cenas conflitantes e que não determinam uma
lógica natural do tempo que o diretor esculpe em seu cinema tais convenções. Momentos solares
são intercalados com imagens de temporais, vendavais e dias nublados sem posicionar a cena
em estados de antes ou depois, apenas um tempo corrente cujas particularidades não são
explicadas em cena, restando ao espectador compreender essa distorção como um recurso de
linguagem de desorientação, que reforça a ideia de pesadelo.
4
Trecho traduzido a partir do áudio completo do evento “Poetry and the Film”, que pode ser encontrado em: Rare Audio from Anthology Film
Archives, disponível em https://ubumirror.ch/sound/afa.html
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Voltamos novamente a analisar o filme sob a ótica da temporalidade. Retornamos a
estudar uma sequência composta por três cenas. A primeira concentra-se novamente na imagem
do parque de diversões vazio, dessa vez sem nenhum som, no que parece ser um início de manhã
(Figura 8). Na próxima cena, escutamos uma narração que profere os fazeres do Barão, que à
noite sai para matar cachorros. No entanto, o que vemos é um quadro completamente escuro,
emulando a noite e um corpo masculino nu, estendido de bruços no chão (Figura 9). A próxima
cena é de um dia ensolarado, onde a personagem de Helena Ignez se despe em frente a um
espelho (Figura 10). Nenhuns dos momentos temporários são interligados realçando a
desconexão entre cenas.
Figuras 8, 9 e 10 - Sequência de cenas do filme “Barão Olavo, o Horrível”.
Fonte: Barão Olavo, o Horrível, 1970.
Nessa passagem vemos como o uso descontínuo de um fluxo temporal é utilizado por
Bressane, assim como Deren o modifica para expandi-lo, uma forma criativa da realidade, indo
e voltando com o intuito de desorientar um olhar voltado para uma sequência narratológica que
tem no tempo um demarcador de naturalização da misé-en-scene. Ao pensar o tempo em
quadro, Bressane o utiliza como mais uma estrutura disjuntiva, que reforça ainda mais o
sentimento de pesadelo.
Não apenas no quesito da criação, mas também nas condições de realização, é possível
encontrar pontos de convergência no cinema de invenção de Bressane e no pensamento
dereniano acerca da produção de um filme. Deren defendia um cinema “amador” que se
contrapusesse ao cinema “profissional”, o que evidenciaria o amor pela arte cinematográfica,
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que ela denomina “uma das maiores vantagens que tem e que todos os profissionais invejam, a
chamada liberdade tanto artística como física.” (Deren, 2015, p. 177) À época, Bressane, na
sua jovialidade, prezava por um cinema livre das amarras comerciais e isso refletia no baixo
orçamento, facilidade de produção e na criatividade inventiva de seus filmes. “Barão Olavo, o
Horrível”, concebido dentro das produções da Belair Filmes, é um exemplo desse pensamento
que privilegia filmes independentes.
Contra o engessamento da técnica e da estética pregado pelo establishment
cultural da época, a Belair propôs filmes de baixíssimo orçamento, atividade
comunitária e processo ultrarrápido de produção: espécie de antídoto para os
altos custos das produções convencionais (Oliveira, 2024, p. 258).
CONCLUSÃO
Maya Deren e Júlio Bressane encontram se afastados por questões relativas à geografia,
à difusão do pensamento dereniano visto ao apagamento das suas contribuições ao cinema e
também pela distância política no qual as obras de Bressane no contexto da Belair Filmes
estavam inseridas (interdição e censura). Porém, é possível notar algumas confluências que
tangem a suas idealizações poéticas no cinema, visto que apesar de tudo o que os separam existe
em suas realizações uma vontade similiar em tensionar os limites do modelo de cinema
narrativo hollydiano vigente.
De certa forma, ambos permitem entender o cinema como uma forma de expressão
polifônica, que através de uma montagem baseada na experimentação e na linguagem sensorial
em detrimento de uma narrativa convencional nos permite analisar as camadas de espaço, tempo
e significação, a partir de uma verticalidade que evidencia outras formas de pensar o mundo e
a realidade. Por meio do cinema de invenção, Bressane tensiona os limites existentes sobre o
fluxo narrativo, possibilitando a participação ativa do espectador que compreender a relação à
obra em relação ao sentimento desprendido durante a projeção, espaço antes preenchido pela
rigidez da lógica e da significância, aspectos que segundo Deren, atuam como limitadores da
poética verticalizada no cinema.
Tais pontos de intercessão evidenciam não apenas a intencionalidade poética de
Bressane por trás do seu filme, mas a relevância que o pensamento de Deren incide sobre o
cinema experimental em formas de conceber a experiência fílmica, para o espectador, na
instância da coparticipação nas atribuições de sentimentos, e para o autor, ao pensar na sua obra
como um espaço para pensar a liberdade de criação artística e física. Tanto Bressane quanto
Deren reivindicam em sua arte, no uso criativo da montagem, do tempo, do corpo e do som
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registros que confrontam um ideal imaginativo na construção do que deve ser uma experiência
cinematográfica.
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BARÃO OLAVO, O HORRÍVEL. Júlio Bressane. Produção de Júlio Bressane, Rogério
Sganzerla. Rio de Janeiro: Belair Filmes, 1970. Disponível em:
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