RECOCINE | v. 2 - n. 2 | mai-ago | 2024 | ISSN: 2966-0513  
Alice dos Santos Araújo  
Bacharel em Artes Cênicas Habilitação em Indumentária (EBA/UFRJ). Figurinista e carnavalesca  
nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro, com passagem pelo GRES. Turma da Paz de Madureira.  
Bachelor's Degree in Performing Arts Specialization in Costume Design (EBA/UFRJ). Costume  
designer and carnival artist for the Samba Schools of Rio de Janeiro, with experience at GRES  
Turma da Paz de Madureira.  
Leonardo Augusto de Jesus  
Doutor em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ). Pesquisador organizador do Núcleo de Estudos de  
Carnavais e Festas NEsCaFe (UFRJ/CNPQ). Professor da Pós-Graduação em Gestão e Design de  
Carnaval da Faculdade CENSUPEG desde 2024. Foi Professor da Pós-Graduação em Figurino e  
Carnaval da Universidade Veiga de Almeida (2016 a 2020) e Professor Substituto nos cursos de  
Artes Cênicas da Escola de Belas Artes UFRJ (2021 a 2023). Cenógrafo e figurinista, ganhador  
do Prêmio Arlequim de Melhor Cenário do Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro (2010).  
Carnavalesco nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro, com passagens pela Acadêmicos do Engenho  
da Rainha e Caprichosos de Pilares, ganhador do Prêmio Machine de Melhor Carnavalesco da  
Intendente Magalhães (2020).  
PhD in Visual Arts (PPGAV/EBA/UFRJ). Researcher and organizer of the Carnival and Festivities  
Study Group NEsCaFe (UFRJ/CNPQ). Professor in the Graduate Program in Carnival  
Management and Design at CENSUPEG College since 2024. Former Professor in the Graduate  
Program in Costume and Carnival at Veiga de Almeida University (2016 to 2020) and Substitute  
Professor in the Performing Arts courses at the School of Fine Arts UFRJ (2021 to 2023). Set  
designer and costume designer, winner of the Arlequim Award for Best Set Design at the Rio de  
Janeiro City Theater Festival (2010). Carnival artist for the Samba Schools of Rio de Janeiro, with  
experience at Acadêmicos do Engenho da Rainha and Caprichosos de Pilares, winner of the Machine  
Award for Best Carnival Artist of Intendente Magalhães (2020).  
Este artigo passou por avaliação por pares cega e software anti-plágio.  
LICENÇA ATRIBUIÇÃO NÃO COMERCIAL 4.0 INTERNACIONAL CREATIVE COMMONS CC BY-NC  
UMA PROPOSTA DE REPARAÇÃO HISTÓRICA ATRAVÉS DOS  
FIGURINOS NA ÓPERA O ENGENHEIRO  
RESUMO  
Neste artigo, apresentamos um relato do processo de pesquisa artística e científica desenvolvido no  
Projeto de Extensão Ópera na UFRJ realizado em 20221, em parceria entre diferentes unidades da  
Universidade Federal do Rio de Janeiro: a Escola de Música, a Escola de Comunicação, a Escola de  
Belas Artes e o Fórum de Ciência e Cultura. Ao começo das pesquisas realizadas para a ópera O  
Engenheiro, a equipe de figurinistas composta por um professor orientador e dois alunos bolsistas –  
constatou o anacronismo de algumas réplicas dos personagens no texto composto por Tim Rescala. O  
protagonista da trama era o engenheiro André Rebouças, homem preto que frequentava a Corte Imperial  
de D. Pedro II e uma das principais vozes contra a escravidão no Brasil do final do século XIX. No  
entanto, o texto enfatizava a importância da Princesa Isabel no processo abolicionista, em detrimento do  
próprio André Rebouças e de outras pessoas pretas cujas participações foram historicamente  
invisibilizadas. Desta forma, foi necessário encontrar uma solução estética para reverter na mise-en-  
scène a ultrapassada visão monárquica presente na diegese. Foram realizadas pesquisas com diferentes  
materiais, texturas e cartelas de cores que evidenciassem visualmente os personagens que representavam  
ex-escravizados de ganho. O trabalho realizado comprovou a função dos figurinos enquanto signos que  
transmitem informações não verbais e sua capacidade de subverter o anacronismo do texto original ao  
direcionar a atenção e o olhar dos espectadores para um determinado grupo de personagens.  
Apresentamos, aqui, um breve relato desse processo e destacamos duas personagens na montagem  
realizada por estudantes da UFRJ para, através das suas indumentárias, compreender os verdadeiros  
heróis sociais do Brasil.  
Palavras-chave: Ópera. O Engenheiro. Figurino. Processo de criação. Reparação.  
A PROPOSAL FOR HISTORICAL REPAIR THROUGH THE COSTUMES IN THE  
OPERA O ENGENHEIRO  
ABSTRACT  
In this article, we present an account of the artistic and scientific research process developed in the Opera  
at UFRJ Extension Project carried out in 2022, in partnership between different units of the Federal  
University of Rio de Janeiro: the School of Music, the School of Communication, the School of Fine  
Arts and the Science and Culture Forum. At the beginning of the research carried out for the opera O  
Engenheiro, the team of costume designers made up of a mentor professor and two scholarship  
students discovered the anachronism of some replicas of the characters in the text composed by Tim  
Rescala. The protagonist of the plot was the engineer André Rebouças, a black man who attended the  
Imperial Court of D. Pedro II and one of the main voices against slavery in Brazil at the end of the 19th  
century. However, the text emphasized the importance of Princess Isabel in the abolitionist process, to  
the detriment of André Rebouças himself and other black people whose participation was historically  
made invisible. Therefore, it was necessary to find an aesthetic solution to reverse in the scene the  
outdated monarchical vision present in the diegesis. Research was carried out with different materials,  
textures and color palettes that visually highlighted the characters that represented former slaves. The  
work carried out proved the function of costumes as signs that transmit non-verbal information and their  
ability to subvert the anachronism of the original text by directing the spectators' attention and gaze  
towards a certain group of characters. Here we present a brief account of this process and highlight two  
characters in the montage carried out by UFRJ students to, through their clothing, understand Brazil's  
true social heroes.  
Keywords: Opera. O Engenheiro. Costume. Creative process. Reparation.  
1 Este é um recorte do artigo derivado de Trabalho de Conclusão de Curso, com acréscimos, originalmente publicado em:  
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INTRODUÇÃO  
Desde 1994, o Projeto de Extensão Ópera na UFRJ integra membros da Escola de  
Música, da Escola de Belas Artes e da Escola de Comunicação: sob a orientação de docentes  
com diferentes competências técnicas e artísticas, graduandos das três instituições participam  
ativamente do processo de criação e produção de uma montagem operística anual.  
Em 2022, participamos da equipe de figurino do projeto como aluna bolsista e professor  
orientador. Compunha ainda a equipe criativa na qualidade de bolsista Carlos Almeida,  
graduando em Indumentária pela Escola de Belas Artes. A seleção dos bolsistas do projeto  
considerou o interesse e o desempenho demonstrados nas disciplinas Adereços de Figurino e  
Adereço de Cenografia ministradas pelo segundo autor deste artigo no semestre anterior. Como  
ressalta a figurinista Elizabeth Filipecki, o processo de criação e produção de figurinos de época  
é “um trabalho coletivo que incorpora elementos artísticos, técnicos, emocionais e econômicos  
na concepção, no desenvolvimento e na produção dos trajes e acessórios” (2017, p. 145). Desta  
forma, na fase de produção somaram-se à equipe os seguintes estudantes de graduação em Artes  
Cênicas - Indumentária: Beatriz Gandra, Carla Teixeira, Joaquim Sotero e Nícolas Rodrigues,  
como assistentes, além de Yuri Ramundo, como estagiário de figurino. A escolha do texto a ser  
encenado coube ao corpo docente da Escola de Música da UFRJ.  
O primeiro contato com o libreto revelou o anacronismo da ópera, carregada de uma  
problemática e controversa visão colonizada. A atuação do engenheiro André Rebouças na luta  
contra a escravidão em nosso país era frequentemente ofuscada pela importância que o texto  
atribuía à família imperial, mais especificamente à Princesa Isabel. Para que se tenha uma ideia,  
no ponto alto de sua ária, a personagem afirmava: “com uma pena cravejada de brilhantes, a  
Lei Áurea orgulhosa eu assinei” (Rescala, 2021, p. 17). Rebouças, por sua vez, cantava para  
Joaquina e Francisco, personagens que representavam dois ex-escravizados: “Mas a redentora  
/ Nossa Isabel / A todos livrou finalmente” (Rescala, 2021, p. 12).  
Posto o problema, tornou-se evidente a importância de entender todos os aspectos  
materiais da mise-en-scène como elementos significantes (Betettini, 1977) para que  
pudéssemos propor figurinos que, no lugar de exaltar a monarquia como fez o autor, valorizasse  
os ex-escravizados e retirasse de Isabel o mérito pelo fim da escravidão.  
Iniciamos com uma pesquisa de campo em visita ao Museu Imperial, localizado em  
Petrópolis, na casa de verão onde Dom Pedro II estaria abrigado no tempo diegético da ópera.  
Buscamos nos quadros, objetos e vestes guardados pelo museu as inspirações para a criação da  
indumentária. No entanto, foram encontradas somente referências ao vestuário nobiliárquico.  
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Não havia ali nenhuma imagem ou representação que auxiliasse a pensar o vestuário dos ex-  
escravizados, nem mesmo alguma referência ao intelectual preto André Rebouças.  
Desta forma, ainda que a pesquisa de campo tenha possibilitado criar uma base de  
pensamento para vestir o elenco monárquico, não colaborou na tarefa de vestir os demais  
personagens. Por outro lado, após a visita ao museu acentuou-se a necessidade exaltar através  
dos figurinos aqueles que verdadeiramente lutaram pelo fim da escravidão, visão corroborada  
pelo diretor José Henrique Moreira, que autorizou a equipe a não produzir figurinos realistas  
quanto à silhueta do período em que se passava a trama.  
A seguir, apresentamos um relato da metodologia aplicada ao processo criativo dos  
vestuários, segundo técnicas ensinadas ao longo da graduação em Artes Cênicas Habilitação  
em Indumentária da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e os  
resultados obtidos na tentativa de alcançar uma reparação histórica através dos figurinos da  
personagem Joaquina em oposição à Princesa Isabel.  
ANÁLISE DO TEXTO DRAMÁTICO  
O Engenheiro é uma obra do compositor, pianista, arranjador e autor teatral Tim  
Rescala. Encomendada em nome do Projeto Sinus, a ópera de ato único passa-se no dia 15 de  
novembro de 1889, data da Proclamação da República no Brasil. O processo criativo dos  
figurinos iniciou-se com a leitura e análise do libreto da ópera.  
A primeira etapa do projeto, conforme método adotado, consistiu em proceder-se à  
decupagem do texto. Como sustentam Trotta e Jesus (2021, p. 448), a decupagem de uma obra  
teatral consiste no ponto de partida para o processo criativo dos figurinos dos personagens, pois  
permite identificar as características essenciais que se materializarão significativamente diante  
dos olhos dos espectadores. Decupagem refere-se a toda análise de um texto dramático cujo  
objetivo é buscar suas unidades e seu funcionamento, sendo “uma tomada de consciência do  
modo de fabricação da obra” que influi diretamente na produção de sentidos no espetáculo  
(Pavis, 2008, p. 86). Enquanto ferramenta para a criação dos figurinos de uma obra de teatro,  
TV ou cinema, refere-se à busca de elementos indicados explicitamente ou sugeridos  
implicitamente pelo autor no texto dramático.  
Assim, realizamos duas decupagens: de personagens e de cenas. A primeira buscava  
compreender os perfis de personalidade de cada personagem e identificar situações que possam  
influenciar as suas vestimentas, além de encontrar as referências de vestuário explícitas nas  
rubricas do texto ou nas réplicas.  
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Tabela 1 Decupagem de Personagens  
Características de  
personalidade  
Adereços de  
figurino  
Características físicas  
Posição  
Engenheiro  
Homem preto, 51 anos,  
André Rebouças cabelos curtos e bigode,  
alto.  
Abolicionista, monarquista,  
inteligente e idealista.  
Frequentador assíduo  
da Corte de D. Pedro  
II.  
Baronesa de  
Mulher branca, 38 anos.  
Muritiba  
Vaidosa e luxuriosa.  
Baronesa.  
Leque.  
Homem preto, 40 anos,  
maltratado do sol e do  
trabalho.  
Ex-escravizado de  
ganho, vendedor de  
doces.  
Analfabeto, de boa índole,  
trabalhador.  
Francisco  
Cesto de doces  
Homem branco, 47 anos,  
alto, robusto, bonito, com  
barbicha.  
Conde e marido da  
Princesa Isabel.  
Ex-militar.  
Gastão Conde  
D’Eu  
Francês, bem instruído,  
amável, realista.  
Ex-escravizado que  
lutou na guerra do  
Paraguai, Guarda do  
Palácio Real.  
Guarda do  
Palácio  
Homem preto, 30 anos,  
maltratado de sol.  
Arrogante, analfabeto  
Cacetete  
Mulher preta, 35 anos,  
magra, maltratada do sol e  
do trabalho.  
Ex-escravizada de  
ganho, Vendedora de  
Frutas.  
Analfabeta, trabalhadora, de  
boa índole.  
Joaquina  
Cesto de frutas  
Ex-escravizada,  
doméstica do Palácio.  
Manoela  
Mulher preta, 35 anos.  
Subserviente, dedicada.  
Mulher branca, 43 anos,  
feia, pouco acima do peso.  
Princesa Isabel  
Religiosa, bondosa, otimista. Princesa.  
Terço  
Visconde da  
Penha  
Esnobe, melindrado e  
vaidoso.  
Visconde.  
Militar.  
Homem branco, 66 anos.  
Bengala.  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
A decupagem de cenas, por sua vez, pretendia facilitar a visualização pela equipe de  
figurinistas das interações cênicas entre os personagens. Nela são registrados todos os atos e  
cenas do texto, demarcando a aparição de cada personagem em suas respectivas cenas com o  
objetivo de visualizar de modo gráfico a presença de cada intérprete no palco. Neste caso, os  
personagens foram organizados em ordem alfabética.  
Tabela 2 Decupagem de Cenas  
Ato único  
PERSONAGEM  
André Rebouças  
Baronesa de  
Muritiba  
CENA 1  
CENA 2  
CENA 3  
CENA 4  
CENA 5  
X
X
X
X
Francisco  
X
X
X
Gastão (Conde  
D’Eu)  
X
X
Guarda do palácio  
Joaquina  
X
X
X
X
X
X
Manoela  
X
X
X
X
X
Princesa Isabel  
Visconde da Penha  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
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REFERÊNCIAS  
VISUAIS:  
CARTELAS  
DE  
CORES  
E
PRANCHAS  
ICONOGRÁFICAS  
Elizabeth Filipecki ensina que o processo criativo de figurino de época compreende a  
interpretação de “memórias textuais e imagéticas de contextos históricos, sociais e culturais”  
(2017, p. 145). Para acessar essas memórias e traduzi-las visualmente, foi elaborada  
inicialmente uma cartela de cores única, a partir de obras do artista plástico brasileiro Cândido  
Portinari e do pintor alemão Johann Moritz Rugendas, que registrou cenas cotidianas brasileiras  
no século XIX.  
Figura 1 Cartela de cores  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
Conforme a proposta da direção, a ação foi dividida entre a rua em frente ao Palácio  
Imperial, local destinado aos ex escravizados, e o Jardim das Princesas, localizado no Palácio,  
destinado aos nobres. O único personagem a circular entre ambos os locais é André Rebouças.  
Para reforçar nos vestuários a oposição entre os personagens pertencentes à elite e os  
ex-escravizados de ganho, a seleção final de cores foi dividida em duas vertentes. A primeira  
era composta por cores mais sóbrias e tons terrosos, que seriam empregadas de modo  
monocromático nos figurinos dos personagens relacionados ao palácio, incluindo Manoela e o  
Guarda. A segunda destinava-se aos personagens da rua, e tinha como principal característica  
o uso de cores vibrantes, aplicadas nos figurinos de modo policromático.  
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Figura 2 Paletas de cores  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
As pranchas iconográficas, criadas em seguida, permitiram a visualização do projeto de  
modo mais objetivo, priorizando fotografias e pinturas que se referissem ao Brasil do século  
XIX e outras referências relacionadas às características de cada personagem. Trata-se de  
ferramenta que, segundo Filipecki, conta imageticamente a história dos personagens; a prancha  
iconográfica compreende “um estudo ou ensaio no formato de uma narrativa visual: ela  
representa um único objeto, a personagem e sua identidade na trama (e não a simples soma de  
várias imagens)” (2017, p. 151).  
As referências visuais acima mencionadas serviram como guia na elaboração dos  
croquis e na construção das formas desejadas para cada figurino. Ainda que não houvesse uma  
necessidade de seguir fielmente a moda do século XIX, conforme decidido pelo diretor José  
Henrique Moreira em conjunto com a equipe de figurinistas, optamos por manter algumas das  
referências escolhidas, adaptando-as às personalidades previamente definidas e colorindo-as de  
acordo com a paleta de cores indicadas a cada grupo. A seguir, detalhamos o processo criativo  
dos figurinos de duas personagens, produzidos com a intenção de destacar as figuras populares  
em detrimento daquelas que integravam a nobreza.  
O FIGURINO DA PRINCESA ISABEL  
Ao realizar a pesquisa de campo, na entrada do Museu Imperial, fomos apresentados a  
uma imagem em preto e branco da família reunida, onde Isabel usava um vestido bastante  
fechado e seus cabelos estavam presos para trás, um tanto bagunçados. Já dentro do Museu, em  
uma área com a pena cravejada com que foi assinada a Lei Áurea, encontra-se também a  
assinatura da princesa que, associada com a imagem vista no exterior, nos transmitia uma certa  
sensação de desleixo. Seguindo a visita, encontramos uma pintura da princesa, representada  
com um vestido de decote ombro a ombro, em um tom de chá bem sutil, cor que optamos como  
uma primeira referência para o seu figurino. Porém, ao contrário do decote bastante revelador  
da pintura, a ideia era criar um figurino que transmitisse comedimento e puritanismo, que se  
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encaixasse com a imagem criada sobre Isabel pelos personagens ex-escravizados na ópera, além  
de estar em consonância com a silhueta de vestidos diurnos característicos da década de 1880.  
Figura 3 Colagem de referência para a personagem Princesa Isabel  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
Após a leitura do texto dramático e da visitação ao museu, iniciamos a pesquisa histórica  
de imagens para criação de uma prancha iconográfica (figura 3) que valesse de inspiração e  
referências para a elaboração do croqui do figurino da princesa (figura 4).  
Figura 4 Croqui para o figurino da personagem Princesa Isabel  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
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Ademais, pretendíamos produzir um figurino sem os luxos comumente atribuídos à  
realeza, como tecidos vistosos e joias, pois em primeiro lugar havia a necessidade de criar uma  
característica humilde para a princesa e, em segundo, reduzir sua importância na luta  
abolicionista no Brasil. Isto porque o principal objetivo da equipe de figurinistas era reverter  
este mérito àquelas e àqueles que verdadeiramente sofreram e lutaram contra a escravidão, mas  
foram invisibilizados para que a elite branca eurocêntrica fosse historiograficamente valorizada  
em seu lugar.  
Contando com um orçamento curto e um prazo apertado para o desenvolvimento dos  
figurinos, após a definição de formas, cores e criação do croqui, visitamos o acervo de figurinos  
do projeto Ópera na UFRJ na Escola de Música, onde também se localizam as salas de aula que  
funcionam improvisadamente como ateliês de costura e criação. Encontramos um vestido  
confeccionado em tecido Jacquard listrado com o exato tom pensado para Isabel e que poderia  
ser modificado para vestir a personagem. Com esta escolha, se por um lado Isabel era no texto  
exaltada como uma mulher de máxima importância e de muita luz, por outro, seu figurino seria  
desenvolvido a partir de uma peça do acervo, tão opaca quanto a ideia de que ela fora a grande  
libertadora dos povos escravizados no Brasil. A silhueta da veste escolhida para o  
reaproveitamento remetia ao século XVII e contava com uma calda de tecido suficiente para  
criar um corpete ajustável. Tal necessidade se justificava em função do desafio de criar um  
mesmo figurino que se adequasse aos corpos das três solistas selecionadas para o papel.  
Após a aprovação da criação artística pelo diretor, foi elaborado o desenho técnico com  
a intenção de tornar ainda mais clara a proposta da parte superior do vestido. A blusa foi  
desenhada com abotoamentos frontais e funcionais, que tornariam mais prático o ajuste na parte  
de trás. Em seguida, foi iniciado o processo de criação da modelagem plana, partindo das  
maiores medidas de cada uma das intérpretes de Isabel, de modo que o figurino pudesse atender  
a todas do modo mais confortável possível, apesar das diferenças entre os três corpos, deixando  
o ajuste na parte posterior da cintura para dar conta de manter a mesma silhueta nas solistas.  
Finalizada a modelagem, passamos para a parte de corte, feita diretamente no tecido que  
anteriormente funcionava como a calda de uma mantua e seguindo para a costura.  
Com o corpete devidamente encaminhado, foi a vez de desfazer a barra da saia, que  
contava com um babado que não era interessante para o projeto, além de alongar o comprimento  
que seria necessariamente reduzido, sendo então realocado para funcionar como o peplum  
pensado para o corpete. Exceto pelo babado removido e uma bainha invisível para ajustar à  
altura das solistas, a saia não sofreu alterações, uma vez que a parte superior já contava com  
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um cós ajustável por ganchos, com transpasse para frente e para trás. Para garantir o alcance da  
silhueta desejada, foi utilizado um pannier bem estruturado que, com uma simples amarração,  
funcionou como uma anquinha por baixo da saia da personagem.  
Uma das referências trazidas pelo diretor para a ambientação da ópera foi o Jardim das  
Princesas do Palácio Imperial de São Cristóvão, decorado com conchas do mar. Assim, o tecido  
utilizado para confeccionar a sobreposição da saia foi bordado com conchas de diferentes  
modelos tanto para remeter ao Jardim quanto para representar a delicadeza de Isabel. As  
conchas também foram acrescentadas ao corpete como botões dourados; também foram  
aplicados alguns detalhes em pedras cor de rosa nos punhos e na divisão e com o peplum.  
Para a caracterização da princesa foi definido um blush suave, os lábios levemente  
rosados, lápis preto no inferior dos olhos e branco na linha d’água, além de rímel. Como  
acessórios, um brinco de pérolas bem discreto além de um adereço de pérolas quase  
imperceptível nos cabelos, presos para trás em um coque baixo. O terço que Isabel usaria de  
acordo com o libreto foi retirado da proposta por uma escolha do diretor.  
Ao fim do processo de construção, tínhamos um figurino monocromático para Isabel  
(figura 5), em tons opacos de rosa, com alguns detalhes dourados que pouco se sobressaíam,  
deixando-a consideravelmente apagada sobre o palco, ainda que através do libreto e das belas  
vozes de soprano das solistas a princesa recebesse a glória de ser redentora, versão que por  
longos anos foi ensinada como fato inquestionável em nossa historiografia.  
Figura 5 Figurino da personagem Princesa Isabel finalizado.  
Fonte: Alice Araújo. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
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O FIGURINO DE JOAQUINA  
Joaquina é a personagem que demonstra com mais clareza a plena noção de sua  
realidade: “Cá bolição nos fiquemu no mêmu lugá!”; “Essa princesa biata só pensa em rezá”;  
Nóis agora tá libertu, mas sem tê onde mora” (Rescala, 2021, p. 4). Assim, foi na vendedora  
de frutas e ex-escravizada que identificamos a potência para desmistificar o mérito de Isabel  
como redentora. Suas réplicas demonstram um tom de deboche sobre sua situação social, que  
inspiraram o conceito de inversão do protagonismo de ambas através dos seus figurinos.  
A cada releitura do texto, as críticas de Joaquina se evidenciavam como problemáticas  
reais encaradas durante sua escravização e mantidas mesmo após sua alforria. Como exemplo,  
pode ser citado o desejo de ser escrava de André Rebouças por ter sido livrada por ele de uma  
punição, recebendo então permissão para seguir trabalhando diante do palácio. Esta cena é  
acompanhada de uma música alegre; em seguida, ela é rebatida pelo personagem Francisco,  
também ex-escravizado, que considera estúpida a ideia da mulher de trocar a “liberdade” por  
um outro senhor (Rescala, 2021, p. 21). Porém, parece-nos que o que motiva Joaquina a  
manifestar tal desejo é o reconhecimento da falsa libertação trazida por Isabel.  
Figura 6 Colagem de referência para a personagem Joaquina.  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
A principal referência para o figurino de Joaquina foi a indumentária tradicional das  
baianas, conforme prancha iconográfica apresentada na figura 6. Ao desenhar o croqui, optamos  
por cores vibrantes no turbante e no pano de costa, para destacar a personagem em cena.  
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Figura 7 Croqui para o figurino da personagem Joaquina  
Fonte: Alice Araújo e Carlos Almeida. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
Para desempenhar a função do pano da costa, foi proposto uma espécie de xale vazado,  
feito em macramê, em tons vibrantes de laranja, amarelo, vermelho e azul. Esta peça se tornou  
uma preocupação pelo pouco tempo disponível para tingir os fios de algodão nos tons desejados  
para a personagem. Optamos, então, por substituir os fios de algodão por fios de malha já  
comprados nas cores amarelo, vermelho e azul claro. A função deste último tom seria criar mais  
volume, destacando assim as cores quentes utilizadas na construção do figurino.  
A peça foi produzida ao longo de três dias. A primeira etapa do trabalho foi criar uma  
trança com as três cores escolhidas que funcionaria como o fio central para, em seguida, separar  
fios de três metros em uma sequência de dois fios amarelos, dois vermelhos e um azul. A  
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tecelagem da peça em si foi iniciada após posicionar todos os fios em uma largura suficiente  
para dar a volta nos ombros das solistas; começando com nós mais fechados e abrindo conforme  
a altura, deixando algumas pontas soltas para auxiliar no movimento.  
Finalizado este processo, constatamos que os fios de malha deixavam a composição com  
uma artificialidade que não se encaixava no projeto. Foi necessário, assim, lançar mão de  
técnicas de beneficiamento têxtil para conseguir um efeito de envelhecimento. Primeiramente,  
foi borrifada uma mistura de tingimento marrom com água por toda a peça. Em seguida, o xale  
foi mergulhado em café quente, deixando de molho até esfriar e colocando na corda para secar.  
A água quente esgarçou a malha que, juntamente com o mix de envelhecimentos, deixou mais  
orgânico e natural como desejado. As transformações pelas quais a peça passou nesse processo  
podem ser vistas na figura abaixo.  
Figura 8 Processo de produção do xale  
Fonte: Alice Araújo. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
Mantendo a ideia de um figurino em tons quentes e que transmitisse leveza e conforto,  
selecionamos do acervo uma saia com uma barra de retalhos e uma sobressaia mais curta, que  
foi retirada. Para a parte de cima uma camisa de botões delicada, também do acervo, mas por  
ser de um tom de rosa claro passou por um rápido mergulho em tingimento laranja, com o  
intuito de criar manchas em vez de cobrir completamente o tecido com outra cor. Ambas as  
peças foram envelhecidas com a mistura de tinta e álcool para garantir uma estética de uso.  
O turbante foi construído a partir de dois panos de saco costurados para aumentar a  
largura, de modo que pudesse ser amarrado na cabeça das intérpretes. Depois de unidos e com  
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algumas amarrações, os panos de saco foram molhados e receberam aleatoriamente tinta para  
tingimento frio. Como não havia intenção de criar um tie-dye bem definido, depois de deixar  
as tintas no tecido por um dia voltamos a mergulhá-lo na água, deixando o tingimento menos  
uniforme, com um fundo quente e algumas manchas.  
A alça do cesto com as frutas vendidas pela personagem foi envolvida com um pano de  
saco amarelo, envelhecendo-se tudo com betume. Como acessório, um par de brincos de  
madeira foi forrado com chita, trazendo para Joaquina mais um detalhe colorido.  
Figura 9 Figurino da personagem Joaquina  
Fonte: Alice Araújo. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
O colorido distribuído por cada pequeno detalhe deu à personagem o toque de altivez  
que se buscava alcançar e mesmo vestida com tecidos mais simples e com silhueta mais  
modesta, era a ex-escravizada de ganho quem ficava visualmente em evidência, enquanto a  
figura da princesa se esvaía entre a iluminação e o cenário.  
CONSIDERAÇÕES FINAIS  
O resultado conjunto das pesquisas artísticas e científicas de diferentes grupos  
acadêmicos foi apresentado nas montagens realizadas no Theatro Municipal do Rio de Janeiro,  
no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ, no Teatro Santa Cecília  
(Petrópolis/RJ) e no Cine-Theatro Central (Juiz de Fora/MG).  
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Figura 10 Arte de divulgação da ópera O Engenheiro  
Fonte: Escola de Música. Projeto Ópera na UFRJ 2022  
A boa recepção da obra em grupos de espectadores com perspectivas bastante diversas  
umas das outras parece ter comprovado a eficácia da proposta que orientou a criação e produção  
dos figurinos. Acreditamos ter logrado êxito em transmitir ao público através das indumentárias  
uma mensagem visual de valorização dos personagens tidos como subalternos em comparação  
aos personagens que compunham a nobreza.  
Neste artigo, optamos por relatar a nossa pesquisa e proposta de reparação histórica  
através dos figurinos exemplificando com as personagens Princesa Isabel e Joaquina,  
idealizados pela equipe como uma oposição imagética. Quando vistas em cena (figuras 11 e  
12), os vestuários transformavam-se em significantes que evidenciavam a real importância de  
uma e de outra.  
Figura 11 A personagem Princesa Isabel em cena  
Fonte: Carolina Morel. Imagem gentilmente cedida de seu acervo pessoal  
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Figura 12 A personagem Joaquina em cena  
Fonte: Carolina Morel. Imagem gentilmente cedida de seu acervo pessoal  
Enquanto o vestido de Isabel fazia com que a princesa se confundisse com a própria  
cenografia e não se destacasse visualmente, o colorido e o movimento do figurino de Joaquina  
atraíam os olhares dos espectadores. Assim, direcionava-se a atenção do público para grupos  
de personagens invisibilizados historiograficamente, ainda que atuantes na luta contra a  
escravidão.  
Portanto, o Projeto Ópera na UFRJ compreendeu excelente oportunidade para a equipe  
de figurinistas colocar em prática as técnicas aprendidas ao longo da graduação em Artes  
Cênicas Indumentária. Ademais, os estudantes puderam compreender melhor o processo  
criativo, reconhecer as dificuldades da montagem e limitações da produção e entender como  
superá-las para chegar a um resultado final satisfatório e transmitir as mensagens desejadas  
através dos figurinos em uma mise-en-scène significante.  
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