RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513  
Bruno Soares Tavares Silva  
Mestre em Direito e Política Pública pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro –  
UNIRIO (2024), possui graduação em Letras - Português pelo Centro Universitário Claretiano  
(2020), onde realizou cursos de extensão universitária de Filosofia e Cinema (2020), Teoria e Crítica  
de Cinema (2020) e Cinema e Formação da Consciência Ambiental (2019). Possui graduação em  
Direito pelo Centro Universitário da Cidade (2009), especialização em Língua Portuguesa pela  
Faculdade Internacional Signorelli (2019). Atualmente é Servidor Público Federal, Assistente em  
Administração da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.  
Master's in Law and Public Policy from the Federal University of the State of Rio de Janeiro UNIRIO (2024).  
Holds a Bachelor's degree in Portuguese Language and Literature from Claretiano University Center (2020),  
where they completed university extension courses in Philosophy and Cinema (2020), Film Theory and  
Criticism (2020), and Cinema and Environmental Awareness Formation (2019). Also holds a Law degree from  
the University Center of the City (2009) and a specialization in Portuguese Language from Signorelli  
International College (2019). Currently works as a Federal Public Servant and Administrative Assistant at the  
Federal University of the State of Rio de Janeiro.  
.
.
Este artigo passou por avaliação por pares cega e software anti-plágio.  
LICENÇA ATRIBUIÇÃO NÃO COMERCIAL 4.0 INTERNACIONAL CREATIVE COMMONS CC BY-NC  
EISENSTEIN - A ARTE, A HISTÓRIA, O BRASIL:  
CONSIDERAÇÕES SOBRE O FILME O ENCOURAÇADO  
POTEMKIN  
EISENSTEIN - ART, HISTORY, BRAZIL: CONSIDERATIONS ON THE FILM  
BATTLESHIP POTEMKIN  
O ENCOURAÇADO POTEMKIN; prt. Direção de Serguei  
Eisenstein. Rússia: Mosfilm, 1925. Película de cinema.  
Fruto do Cinema Revolucionário Soviético, O Encouraçado Potemkin (Bronenosets  
Potyomkin) 1925, filme mudo produzido na antiga União Soviética, foi dirigido por Sergei  
M. Eisenstein, escrito por Sergei M. Eisenstein e Nina Agadzhanova. Na frente da direção de  
fotografia encontramos Vladimir Popov e Eduard Tisse. Música Original de Nokolai Kryukov,  
Edmund Meisel e Dimitri Shostakovich. Produzido por Jacob Bliokh. Goskino e Mosfilm.  
Primeiramente, ao falarmos em arte e crítica de um modo geral, é quase inexorável não  
pensarmos do prólogo escrito por Oscar Wilde, em seu livro O retrato de Dorian Gray, em que  
diz: "O artista é criador de coisas belas. Revelar a arte e encobrir o artista é a razão de ser da  
arte. O crítico é aquele capaz de exprimir de modo diferente e com material diferente, a sua  
impressão das coisas belas.”.  
Se a arte está intrinsecamente ligada ao belo e ao sublime, podemos facilmente elevar o  
filme supracitado à categoria de obra de arte. E, com fundamento nos ensinamentos de Wilde,  
fica fácil perceber que Sergei M. Eisenstein criou algo belo que pôde revelar a sua própria arte.  
Desse modo, não nos é possível separar esse filme em especial do conceito de sétima  
arte, estabelecido por Ricciotto Canudo, no "Manifesto das Sete Artes"1. Eisenstein conseguiu  
apresentar na tela do cinema muito mais do que sequências de imagens para entreter o público,  
conseguiu chegar ao êxito de fazer algo atemporal, reflexivo e questionador. Muito mais do que  
elevar seu nome, o diretor mudou a forma de se fazer os filmes, deixando, desse modo, um  
legado para a posteridade.  
Ainda que a história contada no filme seja um tanto quanto caótica, violenta e hostil, é  
possível encontrar beleza por trás disso tudo. Mas muitos poderiam dizer: o que há de belo em  
uma rebelião que questionava condições dignas de alimentação, que se desencadeia em um  
1 Ismail Xavier, livro Sétima arte: um culto moderno - o idealismo estético e o cinema.  
236  
Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás  
 
massacre sangrento. Ora, essa resposta encontramos nos pensamentos de Immanuel Kant  
(1995), o qual separa o bom e o mau do que é estritamente belo e sublime.  
Ao contar a história dos marinheiros do Encouraçado Potemkin de forma tão próxima  
da realidade tão próxima a ponto de apresentar close das carnes para que o espectador pudesse  
ver as larvas devorando-a , o diretor nos faz, por empatia, escolher um lado, uma farda, uma  
luta. O sentimento de revolta faz nos sentirmos parte dessa história, história essa em que o herói  
não é um indivíduo, mas sim uma coletividade, ou seja, não é “o herói”, mas sim “nós heróis”.  
E é com esse toque sublime que Eisenstein faz o espectador sentir a tristeza e a alegria como se  
fosse um dos personagens da história.  
E é nesse ponto que podemos dividir as visões relacionadas sobre o cinema: a que o  
considera uma forma de entretenimento e a que o considera como um braço da arte. Quando o  
diretor se propõe a criar um filme apenas como forma de entretenimento, a experiência que ele  
proporcionará ao espectador será eminentemente passiva, ou seja, o objetivo principal é apenas  
contar uma história que será recebida pelo público de forma a fazer este experimentar um  
sentimento específico pré-determinado pelo diretor.  
Já quando falamos de realizar cinema com a perspectiva de criar arte, não há como o  
diretor direcionar um sentimento específico, a experiência do espectador estará diretamente  
relacionada com a sua sensibilidade diante do que está passando na tela. E essa experiência está  
longe de ser passiva, já que nesse tipo de filme há a mudança da visão de mundo de quem lhe  
assiste, ou seja, o cinema passa a ser uma forma de questionar, mudar e trazer à tona algum fato  
social que está presente em um determinado tempo e espaço.  
No que se refere aos vieses crítico, filosófico e estético do roteiro, da direção, da  
fotografia, da interpretação dos atores, da trilha sonora e dos aspectos técnicos presentes no  
filme, começamos por dizer que no presente filme encontramos todas as características básicas  
de um longa-metragem mudo tradicional: as imagens gravadas em preto e branco, as falas dos  
personagens apresentadas em pequenos textos na tela e trilha sonora ininterrupta, a qual confere  
ao enredo um ar não só sombrio como também dramático.  
Quanto ao roteiro, podemos dizer que não se trata de algo extremamente complexo de  
ser analisado, podendo inclusive ser dividido em cinco momentos diretamente relacionados e  
cada um com seu respectivo desfecho. Esses momentos são: os homens e as larvas; o drama no  
porto; um morto que demanda alguma justiça; as escadarias da cidade Odessa e o encontro com  
a esquadra. Embora todos esses momentos juntos formem a sequência histórica do filme, é  
237  
Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás  
possível dizer que individualmente cada um possui sua própria narrativa, com introdução,  
desenvolvimento e clímax.  
A direção do filme dispensa comentários, Sergei M. Eisenstein não só dirigiu como  
também participou de sua escrita. Uma característica marcante desse diretor é o ritmo que  
impõe em seus filmes, que pode ser percebido não só em Encouraçado Potemkin, como também  
em A greve, o que é bem diferente dos filmes de sua época. Além disso, é perceptível o seu viés  
social e questionador. Em suas obras, comumente encontramos temas que abordam alguma  
crítica ou algum caráter ideológico político-social, o que está diretamente relacionado à escola  
Revolucionária Soviética a que se enquadra.  
Não podemos deixar de elogiar a bela fotografia que nos é apresentada, que - embora  
seja um tanto quanto hostil consegue nos levar da forma o mais real possível ao ambiente  
apresentado no filme. Não só nos planos do navio, como também nos momentos que trazem  
como ambiente Odessa, podemos perceber a delicadeza e os detalhes quase cirúrgico que nos  
fazem sentir um dos personagens, ou seja, o espectador é transferido da poltrona do cinema  
para o mundo dos marinheiros do Encouraçado Potemkin.  
Já quanto às interpretações, é possível perceber, por meio das fisionomias e gestos, que  
todos os envolvidos com as cenas foram extremamente técnicos e comprometidos com o papel  
ali representado. O close que é dado nos personagens para capitar o horror e aflição de ver o  
carrinho com o bebê descer as escadas é de tamanha sensibilidade, fazendo nascer no espectador  
a mesma angústia que sentiria se estivesse vendo a cena na vida real.  
Ao tratarmos da sempre muito elogiada trilha sonora, não podemos nos furtar de  
mencionar o impacto que a música causa na narrativa do filme, intensificando muito mais o  
sentimento apresentado na tela. Refletindo diretamente o que é vivido na cena, a trilha sonora  
consegue capitar e fazer transparecer no público a sensação exigida para que nasça empatia  
entre o real e o imaginário.  
Por fim, um aspecto técnico muito importante que passou a se tornar marca registrada  
nesse filme foi a montagem de planos realizadas na famosa cena da escada, o que fez surgir  
o conceito de montagem de atrações. O diretor, com essa técnica, conseguiu de forma  
meticulosa e cuidadosa alternar os planos de uma maneira incrível, indo de um carrinho de bebê  
caindo pela escadaria, em maio a uma troca de tiros, a uma mãe morrendo com seu filho no  
colo, e os espectadores vendo a cena. Esse feito criou uma nova perspectiva de olhar uma cena,  
fazendo o público percebesse a mesma cena de vários ângulos, sem perder o ritmo da história,  
o que aumentou ainda mais o sentimento de realidade e angustia da cena.  
238  
Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás  
Tal feito foi tão significativo para a história do cinema que vários outros diretores  
consagrados fizerem referências e homenagens a essa cena do Encouraçado Potemkin. A mais  
comum referência é encontrada em Os Intocáveis, do diretor Brian De Palma, de 1987.  
Entretanto, alguns anos antes o saudoso diretor Alfred Joseph Hitchcock, em seu filme  
Correspondente Estrangeiro, de 1940, já havia feito uma cena inspirada no filme de Eisenstein.  
Quanto ao seu contexto histórico-social, é importante destacar que, no Brasil,  
semelhante rebelião ocorreu na Marinha brasileira entre 22 e 27 de novembro de 1910 mais  
precisamente dentro do nosso famoso Encouraçado Minas Gerais, que hoje descansa no fundo  
do mar em protesto contra os castigos físicos que os militares de baixa patente recebiam.  
Importante salientar que a maioria da tripulação era composta de negros e mulatos.  
Os amotinados, liderados pelo marinheiro João Cândido Felisberto, apelidado pela  
imprensa da época de “Almirante Negro”, tiveram suas reivindicações atendidas – a punição  
com chibatadas foi extinta , mas uma semana depois quase todos foram presos, mortos ou  
mandados para seringais na Amazônia.  
Por conta dessa tamanha empatia entre o espectador brasileiro e o filme de Eisenstein,  
o filme foi um sucesso nas bilheterias nacionais, sento homenageado até os dias de hoje,  
ganhando inclusive uma versão orquestrada em 2013, na qual a trilha sonora com adaptação  
feita por Frank Strobel com base nas sinfonias de autoria de Dimitri Shostakovich foi  
executada pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do  
Maestro Sílvio Viegas2.  
Finalizamos essa análise expondo que, não por menos, diante de tudo o que foi  
suscintamente explanado até aqui, o filme O encouraçado Potemkin, de Sergei M. Eisenstein,  
em 1926 foi considerado pela Academia Americana de Artes o melhor filme do mundo, e alguns  
anos depois, mais precisamente em 1958, foi considerado pela Exposição Internacional de  
Bruxelas o melhor filme de todos os tempos e de todos os povos.  
2
Participação como Regente na Temporada 2013 TMRJ - Série Música e Imagem - O Encouraçado Potemkin - Filme: Sergei Eisentein -  
Música: Dimitri Shostakovich. 2013.  
239  
Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás  
 
REFERÊNCIA  
ANDREW, J. D. As principais teorias do cinema: uma introdução. Tradução de Teresa  
Ottoni. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.  
HAAG, Carlos. O almirante negro e seu encouraçado prateado. c2009. Página inicial.  
encouracado-prateado-3/ >. Acesso em: 10 de abril de 2024.  
KANT, Immnuel. Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valério Rohden e Antônio  
Marques. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.  
LAPERA, Pedro Vinicius Asterito. O encouraçado Potemkin, Outubro e a Revolução  
russa: usos da história no processo criativo de Sergei Eisenstein. 2017. Disponível em:  
9 de abril de 2024.  
ROLAND, Maria Inês. A revolta da Chibata: (Rio de Janeiro, 1910). Saraiva, 2000.  
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Texto em português de Clarice Lispector. Rio de  
Janeiro: Ediouro, 1974.  
XAVIER, Ismail. Sétima arte: um culto moderno, o idealismo estético e o cinema. São  
Paulo: Editora Perspectiva, 1978.  
240  
Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE | v. 2 - n. 3 | set-dez | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás