Revista Coletivo Cine-Fórum – RECOCINE
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RECOCINE, v. 1. n. 1 | jan-abr | 2023 | Goiânia, Goiás
comparados de maneira direta com os números do cinema, visto que, se em 1980 podemos
contabilizar 2365 salas de cinema, em contrapartida, são pelo menos 3.276.000 aparelhos
televisores, contabilizados 19 anos depois da primeira transmissão televisiva (VILAÇA, 2013,
p.114). A estética da televisão no Brasil, nesse primeiro momento, advém dos programas de
rádio, especialmente das radionovelas. Na década de 1970, com a chegada da fita de vídeo, que
permitia que os programas fossem gravados, a televisão vai estabelecer intercâmbios com a
estética cinematográfica. A partir dos anos 1980, a televisão adquire propósitos comerciais e é
“obrigada a buscar uma padronização. Uma série de arquétipos estéticos e narrativos foi criada
para facilitar e acelerar a produção. E esses modelos são repetidos continuamente na
programação.” (VILAÇA, 2013, p.115)
Durante essas décadas de popularização dos aparelhos televisores, entre 1960 e 1970,
acontece o golpe civil militar são estabelecidos os acordos MEC USAID, que promovem a
pedagogia tecnicista no ambiente escolar, fazendo com que a pedagogia escola novista perca
força. Essa pedagogia é “centrada nas ideias de racionalidade, eficiência e produtividade”
(SAVIANI, 2011, p.77) e faz uma profunda modificação em como os professores são
percebidos, estabelecendo-se uma imagem de que os educadores seriam técnicos que passariam
determinadas habilidades para os alunos. No ensino de arte a influência da livre-expressão ainda
era presente, porém assume aqui um caráter de produção de atividade mecânica. Segundo
Fernandes (2016, p.82), “a pedagogia tecnicista […] advogava uma concepção mais
mecanicista; os professores desenvolviam seus planejamentos centrados em objetivos que
deveriam ser operacionalizados de forma minuciosa, inclusive por meio do uso abundante de
recursos tecnológicos e audiovisuais”.
Em 1971, acontece a aprovação da lei nº 5692/71, instituindo a obrigatoriedade da
disciplina Educação Artística que “substitui as disciplinas Desenho, Música, Canto Orfeônico
e Trabalhos Manuais” (FERNANDES, 2016, p. 83). Essa mudança impacta diretamente a
realidade dos educadores, pois a formação dos licenciados em Educação Artística começa a ser
polivalente, para darem conta das diferentes linguagens, como artes visuais, dança, teatro e
música, não contemplando o cinema e ainda menos o audiovisual. De acordo com Vilaça (2013,
p.165), nessa época o audiovisual na escola ou “era produzido especificamente para fins
educativos” ou “era selecionado na indústria cultural para servir de aporte ilustrativo”, sem se
trabalharem questões específicas do audiovisual, como “estrutura narrativa, semiótica ou