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Revista Coletivo Cine-Fórum – RECOCINE | v. 2 - n. 2 | mai-ago | 2024 | ISSN: 2966-0513 | Goiânia, Goiás
LÉLIA GONZÁLEZ:
UMA VOZ BRASILEIRA AMEFRICANIZANDO O FEMINISMO
RESUMO
Neste artigo explanamos o pensamento e luta da filósofa, antropóloga, professora, militante e intelectual
mineira Lélia González (1935-1994) que desmistifica a condição feminina da mulher afro-
latinamericana - muitas vezes vista em condições de subserviência. O feminismo de Lélia atua tanto na
produção de saberes quanto na militância, buscando rompimento com os paradigmas dos pensamentos
advindos de uma matriz colonial. Ela foi à pionegra nas críticas ao feminismo hegemônico e nas
reflexões acerca das diferentes trajetórias de resistências das mulheres ao patriarcado, evidenciando as
histórias das mulheres negras no Brasil, na América Latina e no Caribe. Assim, conjugou experiências
e criou um marco conceitual para a compreensão da identidade brasileira e de seus irmãos de continente
– a amefricanidade. Sua trajetória de reivindicações engendra ações políticas feministas
decolonizadoras, comprometida num processo de resistência e insurgência aos poderes estabelecidos
frente ao modelo eurocêntrico. Ainda, o discurso de González, trona-se parte da crítica feminista do Sul
Global a favor da mulher negra que enfrenta o triplo processo de discriminação que envolve a categoria
de raça, de gênero e de classe, através da interpretação histórica sobre essas mulheres enquanto sujeitas
na sociedade. A abrangente trajetória do ativismo da intelectual em questão, bem como seu legado, ainda
atua na contemporaneidade com o estudo, a discussão e a desconstrução do lugar do negro.
Palavras-chave: Feminismo negro; Lélia González; Decolonialidade; Amefricanidade.
LÉLIA GONZÁLEZ:
A BRAZILIAN VOICE AMERINDIANIZING FEMINISM
ABSTRACT
In this article, we explore the thought and struggle of the philosopher, anthropologist, teacher, activist,
and intellectual from Minas Gerais, Lélia González (1935-1994), who demystifies the condition of Afro-
Latin American women—often seen in positions of subservience. Lélia’s feminism operates both in the
production of knowledge and in activism, seeking to break away from paradigms rooted in colonial
thought. She was a pioneering voice in critiquing hegemonic feminism and reflecting on the different
paths of resistance taken by women against patriarchy, highlighting the histories of Black women in
Brazil, Latin America, and the Caribbean. Thus, she combined experiences and created a conceptual
framework for understanding Brazilian identity and that of its continental siblings — Amefricanidade
(Amefricanity). Her path of advocacy has driven decolonizing feminist political actions, committed to
a process of resistance and insurgency against the established powers in the face of the Eurocentric
model. Moreover, González's discourse becomes part of the feminist critique of the Global South in
favor of Black women who face a triple process of discrimination involving race, gender, and class
categories, through a historical interpretation of these women as subjects in society. The extensive
trajectory of the intellectual’s activism, as well as her legacy, continues to resonate in contemporary
times through the study, discussion, and deconstruction of the place of Black people.
Keywords: Black Feminism; Lélia González; Decoloniality; Amefricanity.