Revista Coletivo Cine-Fórum RECOCINE  
AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ: DA BAHIA PARA O  
SAMBÓDROMO DA MARQUÊS DE SAPUCAÍ  
Hélia da Silva Alves Cardoso*  
RESUMO  
Este trabalho tem como objetivo geral entender e compreender a importância dos cantos de  
trabalhos dos negros como parte integrante da cultura popular brasileira, analisando o grupo  
musical As Ganhadeiras de Itapuã-BA e a performance de sua história contada no carnaval do  
Rio de Janeiro pela escola de samba Unidos de Viradouro em 2020. A problematização  
abordada é a seguinte: qual a importância dos cantos de trabalho dos negros para a história  
popular brasileira? A história d’As Ganhadeiras de Itapuã é intrínseca a história do Brasil, os  
negros foram forçados a deixarem tudo para trás e se tornarem escravos do colonizador europeu.  
Esquecer seus costumes e tradições seria o mesmo que apagar, silenciar a história desses povos.  
Assim, seus cantos, danças e ritos foram descritos por viajantes em seus diários como vulgar e  
cultura de bárbaros, alguns poucos descreviam como algo rítmico e performático. Seja como  
for, essa cultura hoje está incorporada a cultura popular brasileira. A metodologia utilizada é  
bibliográfica descritiva, buscando apoio em referencial teórico que abordem sobre a  
performance, partindo de uma análise sobre a história dos negros escravizados que tiveram que  
se submeter à cultura do branco europeu e esquecer seus ritos. As Ganhadeiras de Itapuã fizeram  
de seu canto um resgate de suas tradições e costumes. Em 2004 nasceu o Coral com a  
perspectiva de não deixar morrer os ensinamentos afrodescendentes e, em 2020 essa história  
ganha a Avenida da Marquês de Sapucaí através do samba-enredo “Viradouro de alma lavada”  
da escola carioca Unidos do Viradouro.  
Palavras-chaves: Cantos de trabalho. Ganhadeiras de Itapuã. Mulher negra. Unidos de  
Viradouro.  
*
Mestre em Estudos da Linguagem no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do  
Norte (UFRN), Campus Natal.  
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RECOCINE, v. 1. n. 3 | set-dez | 2023 | Goiânia, Goiás  
 
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THE WINNERS OF ITAPUÃ: FROM BAHIA TO THE MARQUÊS  
DE SAPUCAÍ SAMBÓDROMO  
Hélia da Silva Alves Cardoso*  
ABSTRACT  
This work has the general objective of understanding and understanding the importance of black  
songs as an integral part of Brazilian popular culture, analyzing the musical group As  
Ganhadeiras de Itapuã-BA and the performance of their story told during the Rio de Janeiro  
carnival by the Unidos de Viradouro samba school in 2020. The question addressed is the  
following: how important are black work songs for Brazilian popular history? The story of As  
Ganhadeiras de Itapuã is intrinsic to the history of Brazil, black people were forced to leave  
everything behind and become slaves of the European colonizer. Forgetting their customs and  
traditions would be the same as erasing, silencing the history of these people. Thus, their songs,  
dances and rites were described by travelers in their diaries as vulgar and barbaric culture, a  
few described it as something rhythmic and performative. Be that as it may, this culture is now  
incorporated into Brazilian popular culture. The methodology used is descriptive bibliography,  
seeking support in theoretical references that address performance, starting from an analysis of  
the history of enslaved black people who had to submit to white European culture and forget  
their rites. The Ganhadeiras of Itapuã made their song a rescue of their traditions and customs.  
In 2004, the Choir was born with the aim of not letting Afro-descendant teachings die and, in  
2020, this story takes over Avenida da Marquês de Sapucaí through the samba-plot “Viradouro  
de alma lavada” by the Rio school Unidos do Viradouro.  
Keywords: Work corners. Winners from Itapuã. Black woman. Unidos de Viradouro.  
*
Master's Degree in Language Studies from the Graduate Program of the Federal University of Rio Grande do  
Norte (UFRN), Natal Campus.  
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INTRODUÇÃO  
A importância dos cantos dos negros para compor a história popular brasileira é  
fundamental, haja visto não há como excluí-los de nosso panorama, a população brasileira é  
uma mistura de raças, sendo que a maioria é de descendência africana, a contribuição dos  
africanos que vieram sob a forma forçada, que foram obrigados a deixarem toda a sua vida livre  
em suas terras na África para submeterem-se ao regime escravocrata severo do colonizador, em  
nossa cultura é enorme, suas tradições, costumes, danças, folguedos, comidas típicas, músicas,  
etc, foram e são intrínsecos a nossa cultura.  
As Ganhadeiras de Itapuã, objeto de estudo deste trabalho, tinham como palco becos,  
vielas e ladeiras na Salvador do século XIX aos dias atuais, as negras caminhavam diariamente  
com seus tabuleiros e gamelas vendendo o que fosse para ganhar algum vintém. As Ganhadeiras  
de Itapuã é a história de um povo que está ligado totalmente à história dos nossos antepassados,  
aqueles que deram o sangue, literalmente, para a construção desse país tão miscigeno.  
O legado cultural delas é imensurável e se expandiu mais, em 2004 com a criação do  
coral musical As Ganhadeiras, seus cantos, ritos, tradições e cultura é passado de geração em  
geração, através da música, neste caso com o ritmo samba, elas pretendem não deixar que nada  
disso morra. E, em 2020, a escola de samba Unidos do Viradouro do Rio de Janeiro, levou para  
a Avenida da Marquês de Sapucaí a história dessas mulheres.  
O problema abordado aqui será: qual a importância dos cantos de trabalho dos negros  
para a história popular brasileira? Tendo em destaque a história das Ganhadeiras de Itapuã-BA,  
um grupo de mulheres negras que lavavam roupas para obter algum ganho e, assim, sustentarem  
a casa e a família, de ganho, daí vem o nome, ganhadeiras. O ambiente ao qual estas habitam é  
o bairro de Itapuã em Salvador na Bahia.  
Partindo do problema, temos como objetivo geral, entender e compreender a  
importância dos cantos de trabalhos dos negros como parte integrante da cultura popular  
brasileira, analisando o grupo musical As Ganhadeiras de Itapuã-BA e sua história contada no  
carnaval do Rio de Janeiro em 2020. Assim, procurarei estabelecer a importância dos cantos  
dos negros como performances para a valorização da cultura afro-brasileira na cultura popular  
e reconhecer o quão tais cânticos foram e são fundamentais para a construção identitária de  
nossa população miscigena.  
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AFRO-PERFORMANCES NOS CÂNTICOS DE TRABALHO DOS NEGROS  
O colonizador europeu com sua pele branca, cabelos lisos, olhos claros, se achando  
superior às raças que não têm essas características, oprimiu e escravizou tais raças consideradas  
inferiores, com o período das Grandes Navegações, as descobertas de novas terras longínquas  
também vieram o sofrimento de um povo que vivia suas vidas, suas tradições e costumes na  
África. Lá estes povos tinham hierarquia, rei, danças e cantos diversos, todos tendo que  
abandonar sua cultura e tradição à força quando o branco chegou e os capturou para o trabalho  
escravo nas inúmeras colônias espalhadas no Novo Mundo.  
Os negros trouxeram sua cultura, tradição e costumes para as colônias. Praticavam sua  
expressão cultural nos momentos de “descanso”, ou seja, quando estavam nas senzalas, seus  
cânticos ecoavam, um canto de sofrimento, alegria por algo que acontecia, por resistência  
quando fugiam para os quilombos, ou simplesmente para não ter sua cultura esquecida mais do  
que já estava. Em meio aos diversos cantos, os de trabalhos foram os que mais se destacaram,  
haja vista funcionava não apenas como um canto qualquer, havia toda uma performance.  
Segundo Tinhorão (1988), para tudo havia um ritual (canto e dança), desde assuntos  
particulares como: nascimento, puberdade, casamento, morte à assuntos gerais da comunidade,  
como: cataclismos, lutas de guerra, vitórias, caçadas, confraternizações, isso fora as canções e  
danças das cerimônias religiosas, esse repertório, ficou conhecido como as canções de trabalho.  
Essa tradição de ritual, cântico e dança, chega ao nosso território e a princípio foi combatida  
com violência pelos europeus, pois consideravam esses cânticos performáticos algo vulgar e  
feio. No entanto, analisando que os negros sem essas tradições ficavam tristes e produziam  
menos, revogaram e permitiram com moderação.  
Tinhorão (1988) afirma que os cantos nas colônias passaram a ser um meio de  
comunicação entre os negros trabalhadores (escravos) compondo um jogo metafórico muito  
inteligente, já que a língua era diferente da dos colonizadores. Daí, a performance, funcionando  
como uma conversa, onde, por exemplo, durante o amanhecer do dia, quando os escravos iam  
para a lavoura, um grupo começava entoando “Olá, companheiro”, ao passo que outro respondia  
“Que é lá?” e seguia-se cantando sobre o cantar do galo, o raiá do sol, além de conter alguns  
versos poéticos. O canto era acompanhado de gestos. Podemos compreender como um grito de  
que os negros mesmo cativos, não estavam sós.  
Tinhorão (1988) nos informa que por serem considerados vulgares e feios os cantos dos  
negros, pouco se conhece sobre a originalidade do que era entoando nas lavouras ou nas cidades  
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naquele tempo, mais especificamente, no Rio de Janeiro, depois da abolição da escravatura. Os  
raros registros sobre as letras originais são descritos por algum viajante da época que veio e  
narrou em seus diários de viagem. E como tais viajantes eram brancos europeus, a originalidade  
ainda fica mais escassa. Sem mencionar que durante os anos de 1930, os cantos quase não se  
ouviam nas cidades, os negros tinham os piores empregos e desprovidos de direitos, somente  
lhes restavam cantar sobre seu sofrimento ou apenas calarem-se.  
Sem registro por escrito, os cânticos dos negros foram passando de geração em geração  
de modo oral, contando com a memória dos mesmos, para Martins (2003, p. 65) a tradição oral  
representa não apenas uma expressão simbólica, mas constitui em si própria uma performance,  
o que para a mesma “numa performance da oralidade, por exemplo, o gesto não é apenas uma  
representação mimética de um sentido possível, veiculado pela performance, mas também  
institui e instaura a própria performance.”  
Quanto à impressão que tais cantilenas produziam aos ouvidos poucos afeitos  
dos estrangeiros às características especificas da música africana, podia ser  
avaliada pelos dois adjetivos mais empregados por eles em suas anotações:  
“monótonas” e “bárbaras”. Havia, porém, quem não pensasse assim, como  
seria o caso do príncipe alemão Paulo Alexandre de Wuertember que, de  
passagem pela Bahia em março de 1853, escreveria encantado com a cantoria  
dos negros carregadores de Salvador:  
“Quer descendo, quer subindo, vencendo encostas íngremes e caminhos  
pedregosos cantam! Cantam sempre, durante toda a marcha. Acho até que  
esses homens singelos cantam muito bem canções africanas e melodias de  
outra origem, cadenciadas em trechos rítmicos, e de caráter musical  
verdadeiramente interessante.” (TINHORÃO, 1988, p. 125).  
Percebemos que mesmo muito raro, ainda existe registro de algum viajante que  
valorizava os cantos de trabalho dos negros, isso é importante para compreendermos a nossa  
história, ou seja, a história de nosso país e consequentemente a história do povo que foi  
oprimido simplesmente por ter cor de pele diferente. Na descrição do príncipe alemão Paulo  
Alexandre, vemos que ele enxergava nos negros certa felicidade, que mesmo subindo lugares  
íngremes e pedregosos não param de cantar, enquanto para outros viajantes os cantos eram de  
bárbaros para outros, neste caso o príncipe, os cantos eram uma música interessante com trechos  
de ritmos agradáveis aos ouvidos.  
Martins (2003, p. 64) nos traz a ideia de corpo como “transmissão e transcriação do  
conhecimento”, esse corpo performático age por instinto e gera a poética, a oralidade não-  
verbal. Sobre performance, Zumthor (2007, p. 31) afirma que a “performance é  
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reconhecimento. A performance realiza, concretiza, faz passar algo que eu reconheço, da  
virtualidade à atualidade.” Os cantos dos negros representam o passado que veio através de  
tradição oral chegando até a atualidade.  
O fato dos negros realizarem um canto e dança para todo ritual que era feito, fez com  
que “os ritos de ascendência africana, religiosa e seculares, reterritorializam uma das mais  
importantes concepções filosófica e metafisica africanas, a da ancestralidade.” MARTINS  
(2003, p. 75). A ancestralidade é intimamente ligada ao processo dos rituais africanos nas  
antigas colônias, hoje nações independentes, valorizar esses cantos, tentar resgatá-los é ir em  
busca do resgate de nossa própria história, além de que, ir ao encontro da ancestralidade dos  
negros representa o enaltecer da sua cultura e tradição.  
Martins (2003) nos apresenta que a oralitura não restringe a transmissão do repertório  
cultual apenas por procedimentos culturais através da tradição verbal, mas que é a performance  
de fundamental importância para transmitir esses saberes culturais, utilizando assim, dança,  
cantos e ritos. A performance para a autora constitui-se, pois, em um “inscrito na grafia do  
corpo em movimento e na vocalidade”. (MARTINS, p. 77). É o corpo um meio de manifestar  
e propagar a linguagem ancestral dos negros, uma amostragem que ultrapassa o papel  
caligrafado e transforma o corpo em performance.  
O corpo quando em estado de performance produz um conhecimento e, este é registrado  
na memória quando tal gesto é realizado. A memória pode ser um dos meios pelos quais os  
saberes dos mais velhos vão passando para os mais novos, um saber hierárquico performático  
que vai assumir na memória popular uma saber fundamental, uma vez que entendemos o corpo  
como sinônimo de voz. Para Arantes (1985, p. 18) a cultura popular “surge como uma “outra”  
cultura que, por contraste ao saber culto dominante, apresenta-se como “totalidade” embora  
sendo, na verdade, construída através da justaposição de elementos residuais e processo  
“natural” de deterioração.” O fato de a cultura popular ser considerada a “outra”, e  
principalmente quando pensamos sobre a condição dos negros, sua cultura e tradição não era  
digna, por assim dizer, de estar escrito nos livros, por isso, contou com a memória pautada na  
oralidade para chegar até os dias atuais.  
A "recepção" vai se fazer pela audição acompanhada da vista, uma e outra  
tendo por objeto o discurso assim performatizado: é, com efeito, próprio da  
situação oral, que transmissão e recepção aí constituam um ato único de  
participação, co-presença, esta gerando o prazer. Esse ato único é a  
performance. (ZUMTHOR, 2007, p. 65).  
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A performance dos cantos dos negros formam uma valiosa herança ancestral e contou,  
como já mencionado, com a memória, a recepção no início não foi boa, registrado por viajantes  
que vinham ao Brasil e viam os negros cantando nas lavouras de café ou quando estes cantavam  
ao realizarem seu labor subindo e descendo por ladeiras íngremes e pedregosas nas ruas e vielas  
do Rio de Janeiro como nos informa Tinhorão (1988). Sobre o prazer único que a performance  
gera, Zumthor (2007) complementa nos dizendo que esta trata-se da presença no mundo e em  
si mesma, que não podemos falar de performance como algo único e singular. Ela abrange  
pluralidade, há distintos graus e modalidades. A performance é, portanto, capturada num  
contexto de pura oralidade e é o corpo seu instrumento de transmissão de gestos e voz.  
A “Voz implica ouvido. Mas há dois ouvidos, simultâneos, uma vez que dois pares de  
ouvidos estão em presença um do outro, o daquele que fala e do ouvinte.” (ZUMTHOR, 2007,  
p. 86). Na performance dos cantos dos negros os dois ouvidos ao qual Zumthor (2007) expõe  
foram ambos propagados, haja vista, houve os viajantes que na concepção de Tinhorão (1988)  
enxergavam naquela cantoria seres “bárbaros” e vulgares e outros que sentiam emoção e viam  
beleza, estes eram os ouvintes, os falantes eram os próprios negros, que seja na condição de  
cativo, seja na condição de livre, compreendiam que seu canto era o modo que os conectavam  
com seus antepassados.  
QUEM SÃO AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ-BA  
Na página do Instagram, a bio é descrita como: Resgatar, preservar e fortalecer as raízes  
e tradições histórico-culturais do Brasil, seguindo das hashtag tesouro da Bahia, do Brasil e do  
Mundo. A história das ganhadeiras de Itapuã se mistura à nossa própria história. Seus  
antepassados vieram de longe em condições deploráveis, amordaçados, presos a ferro como  
animais em porões de navios negreiros, sofrendo maus-tratos, fato que causava a morte de  
muitos antes mesmo de aportarem no destino final, e este, podemos afirmar com certeza, era  
ainda pior.  
Grande parte de nossa população é afrodescendente, isso se deu infelizmente pelo início  
do tráfico de escravos desde a segunda metade do século XV pendurando até meados do fim do  
século XIX. A Bahia, por ter sido o principal porto de entrada foi e é o berço dos  
afrodescendentes no território brasileiro. Em um bairro específico de Salvador nasceu um grupo  
de mulheres que em busca de sustento seja quando na posição de escravas seja quando já  
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libertas, precisavam sobreviver, vendia o que fosse para obter o ganho, o bairro? Itapuã. O  
grupo? As Ganhadeiras de Itapuã.  
Figura 1 - As Ganhadeiras de Itapuã-BA  
No site d’As Ganhadeiras, na aba Linha do tempo, Histórias cruzadas, temos:  
A história de um lugar, Itapuã, mas também a história de um país em  
transformação pelo protagonismo das mulheres. Uma história em que a luta  
pela sobrevivência se converte em poesia, música, dança, aconchego e afeto.  
Semelhante ao colar de contas usado pelas Ganhadeiras, nessa linha histórica  
cada pessoa é como uma miçanga, única em sua cor, forma, dimensão, mas  
cuja beleza sobressai quando em conjunto.3  
Portanto, merece destaque a história de um grupo de mulheres que no século XIX,  
quando o regime escravocrata ainda era vigente, escravas ou libertas, passaram a realizar  
variados trabalhos de ganho. A finalidade era obter lucro para seus antigos senhores e assim,  
conseguirem a tão sonhada liberdade. Já libertas, esse ganho continuava, já que tinham que  
garantir a sobrevivência em um território onde desigualdades reinavam tanto quanto seus  
imperadores.  
No século XX, Itapuã era pouco conhecido, a distância do centro da cidade faz com que  
o bairro se transforme em um refúgio dos poetas e artistas, sendo um deles, um velho conhecido  
nosso, Dorival Caymmi, um dos responsáveis por fazer de Itapuã, um lugar reconhecido. Suas  
“canções praieiras” lançadas em 1932, exaltava o lugar, dando encanto e fazendo do imaginário  
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daqueles que o ouviam que Itapuã era um lugar mágico. Entre 1970 e 1980, a tradição d’As  
Ganhadeiras resiste através da oralidade, por meio da memória, os bailes pastoris realizados na  
região de Itapuã, são fundamentais para essa resistência. Diversos grupos se apresentavam,  
incluindo o “Mantendo a Tradição”. Um grupo que era organizado por Dona Francisquinha se  
apresentou até meados do fim de 1980, período em que morre Dona Guei, a ganhadeira dos  
tempos mais antigos.  
De 1990 a 2000, alguns eventos acontecem e põe em risco o ganho das mulheres da  
região. Em 1991, as lavadeiras são proibidas pelas autoridades locais de lavarem as roupas na  
Lagoa do Abaeté. Segundo as autoridades, o sabão utilizado por elas estava poluído as águas e  
matando os peixes, essa proibição foi motivo de perda de renda e falta de perspectiva de  
trabalho.  
Seria o fim das lavadeiras do Abaeté? Com a proibição, foi criada uma  
lavandeira com tanques de cimento no Parque do Abaeté, a Casa das  
Lavadeiras, mas com a mudança as lavadeiras preferiram lavar em casa.  
Mesmo diante da crescente desvalorização da paisagem, da cultura local e do  
avanço da urbanização por toda a cidade, A lavagem de ganho na Lagoa até  
poderia ter sido interrompida, mas o legado ancestral das ganhadeiras jamais.  
E foi assim que no final dos anos 1990 começaram a surgir, a partir dos  
próprios moradores, diferentes iniciativas que buscavam resgatar a memória  
das antigas tradições do bairro. A demonstração de que o legado das  
ganhadeiras resiste ao tempo.4  
Foi a partir desse evento que de conversa em conversa, de junção para realizar rodas de  
samba, que um coral começou a surgir. As tantas mudanças urbanas não são capazes de apagar  
da memória da vila de pescadores o legado dos ancestrais e isso se dá graças às primeiras  
ganhadeiras, seu canto e história atravessam gerações. Em 2002, morre Dona Francisquinha,  
deixando um grande legado de tradição oral que será passado adiante pelas gerações de  
ganhadeiras. Oficialmente, em 13 de março de 2004, nasce o Coral das Ganhadeiras, um grupo  
musical formado por homens e mulheres que se reuniam para conversar e cantar samba de roda.  
A homenagem é às antigas ganhadeiras de Itapuã “que obtinham seu sustento lavando roupa de  
ganho na Lagoa do Abaeté ou vendendo o peixe que era comprado na mão dos pescadores da  
praia, mas que também reflete a vivência e a história de um lugar na cidade de Salvador: Itapuã.”  
(Site das Ganhadeiras).  
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A tradição das ganhadeiras se fortalece cada vez mais na cultura baiana. Em 2008 elas  
participam da minissérie da Rede Globo, Ó pai ó ao lado do ator baiano Lázaro Ramos e do  
Bando de Teatro Olodum. No ano seguinte participam da gravação do DVD Santo de Casa, a  
convite especial da cantora baiana Mariene de Castro. Em 2010, a TV Bandeirantes grava uma  
matéria com as ganhadeiras e elas buscam o reconhecimento de sua arte como patrimônio  
nacional. Este reconhecimento ganha força quando uma importante revista internacional, a  
Mag!, publica um ensaio com várias páginas enaltecendo a cultura e a arte das ganhadeiras.  
Articulações pedagógicas no coro das ganhadeiras de Itapuã: um estudo de caso  
etnográfico, este é o título da tese de doutorado da pesquisadora Harue Tanaka Sorrentino, de  
2012. Sorrentino, desde 2007 já pesquisava a tradição musical do grupo de mulheres de Itapuã.  
Na forma mais bela de nos apresentar em sua tese As Ganhadeiras, nos mostra no tópico  
intitulado “As Ganhadeiras: (En)Cantando (com) sua história” que:  
O ponto de partida desta pesquisa, portanto, foi o desvelamento sobre a  
história das Ganhadeiras. Outrossim, compreender como as ganhadeiras  
coristas, a maioria delas ainda exercendo profissões de ganho, recontavam  
histórias da Itapuã de uma época em que ainda não havia chegado a luz  
elétrica. A água provinha das inúmeras fontes e bicas espalhadas pela praia  
que, hoje, não existem mais, e nos arredores onde se teve a primeira notícia  
de uma televisão na casa da vizinha de Dona Flora (avó de Fábio, violonista e  
um dos participantes do grupo). Memórias dos tempos em que Itapuã ainda  
era uma praia de veraneio e a economia se movimentava, principalmente, a  
partir da atividade pesqueira e da prestação de serviços domésticos pelas  
ganhadeiras aos veranistas. (SORRENTINO, 2012, p. 31).  
Após ser tese de doutorado, terem se apresentado em diversos lugares e eventos, 2012  
é o momento de gravar um CD. Com esta visibilidade de trabalho artístico, o Coral ver a  
oportunidade de se firmarem como patrimônio imaterial das tradições orais da Bahia e do  
Brasil. O CD foi lançado no dia 25 de setembro de 2014 com o título “As Ganhadeiras de  
Itapuã”, momento mais que celebrado, pois, comemorava-se 10 anos de existência do coral.  
Segundo Sorrentino (2012, p. 38), os cantos que são compostos pelo e para o grupo  
descrevem detalhadamente a história de vida, o local onde habitam e os personagens  
participantes daquele lugar, “para cantar e contar sobre Itapuã e sobre seus antepassados,  
surgiram as músicas do grupo que relatam e dão conhecimento ao povo baiano e a todos sobre  
quem foram as ganhadeiras, tornando-as registros vivos de sua própria história”.  
Nos Jogos Olímpicos, Rio 2016, As Ganhadeiras de Itapuã, estavam lá, tanto no show  
de abertura do Comitê Olímpico Internacional, na Cidade das Artes, quanto na cerimônia de  
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encerramento interpretando a música “Mulher rendeira”, no estádio do Maracanã. Comemora-  
se em 2019, 15 anos de Ganhadeiras, no dia 31 de julho no Teatro Castro Alves (Salvador)  
houve a gravação do DVD “As Ganhadeiras de Itapuã – Uma História Cantada”. Alguns  
convidados ilustres estavam presentes nesta gravação, como Larissa Luz, Malê Debalê,  
Mariene de Castro, Margareth Menezes, Seu Regi de Itapuã, Saulo Fernandes e, uma  
participação mais que especial, da qual nasceria uma amizade terna com alma de campeã, falo  
da Escola de Samba Unidos do Viradouro (Niterói, RJ) que foi representada pelos dançarinos  
Julinho Nascimento e Rute Alves, seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. No ano  
seguinte a escola levaria para Avenida a história das ganhadeiras e ganharia o carnaval.  
É como diz Cruz (2019, p. 26) “ao olhar para a observação do processo comunicacional  
das ganhadeiras de Itapuã a partir da Lagoa do Abaeté é notável como a memória se torna  
o termo de ligação entre as mulheres.” Gerações e gerações de ganhadeiras foram transmitindo  
sua tradição e cultura, graças a essa resistência, em pleno século XXI podemos contar e  
aprender sobre a cultura dos afrodescendentes que é tão rica e majestosa.  
Em 2021 foi inaugurado o Museu Virtual Casa de Ganho surgindo com um pé no  
passado, mas mirando o futuro. O espaço virtual é um convite a uma experiência que ultrapassa  
o tempo e conta a história d’As Ganhadeiras para o mundo. O museu virtual é um verdadeiro  
mergulho no passado de Itapuã e nas memórias de seus habitantes. Ali pode se ver as mulheres  
de ganho, rompendo as fronteiras do tempo e do espaço.  
UNIDOS DO VIRADOURO  
Fundada em 24 de junho de 1946, utilizando as cores vermelho e branco, o Grêmio  
Recreativo Escola de Samba Unidos do Viradouro ou simplesmente Viradouro ou Unidos do  
Viradouro, nasceu a partir das rodas de samba realizadas no quintal de Nelson dos Santos,  
conhecido popularmente como Jangada. A casa ficava na Rua Capitão Roseira, próximo à Rua  
Dr. Mario Viana, que na época era chamada de Viradouro, porque os bondes que transportavam  
a população de Niterói faziam o retorno, daí o nome.  
No ano seguinte, a escola estreou no carnaval carioca e durante 39 anos encantou os  
foliões niteroienses, conquistando 18 títulos entre 1949 a 1984. Já no carnaval carioca a Unidos  
do Viradouro começou no grupo 4 e foi subindo até conquistar o campeonato do grupo 1, em  
1990, com o enredo “Só vale o escrito”, do carnavalesco Max Lopes e samba de Adir, Odir  
Sereno, Gelson e Gilberto Barros. No ano de 2010 a escola voltou ao grupo de acesso, somente  
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retornando ao grupo especial em 2015 e sendo rebaixada novamente. Voltando só em 2018 e  
em 2019 sendo vice-campeã e campeã em 2020. Atualmente a Unidos do Viradouro é uma das  
superpotências do Carnaval carioca.  
No carnaval de 2020, os cariocas da Viradouro se renderam ao encanto d’As  
Ganhadeiras de Itapuã e com o enredo “Viradouro de alma lavada” fazendo uma referência à  
música “Com a alma lavada” de Jenner Salgado, levou para a Avenida de Sapucaí a história de  
resistência e luta dessas mulheres de ganho. Com um desfile impecável, que desde a Comissão  
de frente até a última Ala e carro alegórico já mostrava que viriam para ganhar, o resultando  
não foi diferente, a escola se consagrou como campeã, após 23 anos de jejum.  
Figura 2 - Comissão de frente da Viradouro no Carnaval de 2020  
Os carnavalescos responsáveis foram Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, a letra é dos  
compositores: Cláudio Russo, Paulo Cesar Feital, Diego Nicolau, Júlio Alves, Dadinho, Rildo  
Seixas, Manolo, Anderson Lemos e Carlinhos Fionda. A escola entrou na Avenida com 27 Alas,  
300 ritmistas, a rainha de bateria foi Raíssa Machado, o 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira  
foram Julinho Nascimento e Rute Alves, a Comissão de frente foi coreografada por Alex  
Neoral. O intérprete foi Zé Paulo Sierra, que está na escola desde 2014.  
Na execução do desfile a bateria fez duas bossas misturando o samba com ritmos  
baianos, além de levar para a Marquês de Sapucaí uma estrutura perto da bateria que  
representava um tambor cenográfico, onde duas ritmistas escondidas, em alguns momentos,  
eram elevadas. A escola também ganhou o Estandarte de Ouro o mais antigo e importante  
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prêmio extraoficial do carnaval do Rio de Janeiro, conhecido como o Óscar do samba ou Óscar  
do carnaval de Melhor Enredo e Melhor Comissão de Frente.  
Figura 3 - As Ganhadeiras no Sambódromo da Marquês de Sapucaí  
O enredo da Viradouro trás uma narrativa afetiva, os carnavalescos propuseram um  
mergulho na história e nas águas da Lagoa do Abaeté e no Mar de Itapuã, lugar de trabalho  
dessas mulheres, assim, a letra do samba-enredo foi a linguagem poética dos cantos entoados  
pelas ganhadeiras.  
Levanta, preta, que o sol tá na janela  
Leva a gamela pro xaréu do pescador  
A alforria se conquista com o ganho  
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor  
Mainha, esses velhos areais  
Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs pra luta  
Sentem cheiro de angelim  
E a doçura do quindim  
Da bica de Itapuã  
Camará ganhou a cidade  
O erê herdou liberdade  
Canto das Marias, baixa do dendê  
Chama a freguesia pro batuquejê  
São elas, dos anjos e das marés  
Crioulas do balangandã, ô iaiá  
Ciranda de roda, na beira do mar  
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar  
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Nas escadas da fé:  
É a voz da mulher!  
Xangô ilumina a caminhada,  
A falange está formada, um coral cheio de amor  
Kaô, o axé vem da Bahia  
Nessa negra cantoria  
Que Maria ensinou  
Ó, mãe! ensaboa, mãe!  
Ensaboa, pra depois quarar  
Ora yê yê ô oxum! seu dourado tem axé  
Faz o seu quilombo no Abaeté  
Quem lava a alma dessa gente veste ouro  
É Viradouro! É Viradouro!5  
A história d’As ganhadeiras é apresenta pela Viradouro em seu enredo como sinônimo  
de valentia e de bravura, mulheres que enfrentaram todo tipo de obstáculos para sobreviverem  
desde o surgimento no século XIX com a venda e lavagem para obter ganho até chegar à  
atualidade, onde se firmam como propagadoras de saberes culturais dos afrodescendentes,  
resgatando, resistindo e transmitindo através da oralidade sua história, que não deixa de ser a  
nossa história também. A Escola levou para a Avenida da Marquês de Sapucaí um enredo que  
aborda história e cultura de mulheres negras que eram cativas ou libertas, em busca de manter  
vivas suas tradições e sua ancestralidade.  
CONSIDERAÇÕES FINAIS  
A história d’As Ganhadeiras de Itapuã está inserida na cultura popular brasileira, “A  
assim chamada arte do povo é caracterizada sempre pela negativa, por algum tipo de falta: ela  
é vista como “desprovida de qualidade artística”, como “tentativa tosca e desajeitada de  
exprimir fatos triviais”, é “ingênua”, “retardatária”, etc.” (ARANTES, 1985, p. 53). Vemos que  
a cultura popular por si só já é desvalorizada por se tratar de manifestação do povo mais carente,  
os “desprovidos de qualidade artística”, quando essa manifestação parte da população  
afrodescendente, essa cultura tende a ser menos valorizada ainda. É sobre essa não-valorização  
que Tinhorão (1988) traça um panorama, nos informando desde o início de como chegou nas  
colônias os sons dos negros através do congado e como propagou através de seus cantos de  
trabalhos.  
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O resgate desses sons é essencial não apenas para a cultura afrodescendente brasileira,  
mas para o mundo, o reconhecimento e integração dos negros no contexto histórico-social é um  
fato real e que deve ser perpetuado, o grupo musical As Ganhadeiras de Itapuã é um exemplo  
de luta, força e resistência cultural, conectar com sua ancestralidade e não deixar que tais  
tradições e costumes sejam apagados é sua luta diária. Por isso essas mulheres veem a gerações  
transmitindo seus costumes tradicionais para não serem silenciadas nem apagadas da história.  
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REFERÊNCIAS  
ARANTES, Antônio Augusto. O que é cultura popular. 8ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense,  
1985.  
CRUZ, Thiago Conceição. Ganhadeiras de Itapuã: as formas de dizer de si. Salvador, 2019.  
Disponível em:  
Acesso em 07 de setembro de 2021.  
MARTINS, Leda Maria. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Santa Maria,  
RS: Revista Letras nº. 26. Língua e literatura: limites e fronteiras, jun. 2003, p. 63-81.  
SORRENTINO, Harue Tanaka. Articulações Pedagógicas do Coro das Ganhadeiras de  
Itapuã:  
um  
estudo  
de  
caso  
etnográfico.  
Disponível  
em:  
https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/12585. Acesso em 19 de setembro de 2021.  
TINHORÃO, José Ramos. Os sons dos negros no Brasil: cantos, danças, folguedos, origens.  
São Paulo: Art Editora, 1988.  
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely  
Fenerich. 2ª. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007.  
VIRADOURO. Disponível em: https://unidosdoviradouro.com.br/. Acesso em 29 de agosto de  
2021.  
VIRADOURO  
2020  
Desfile  
completo  
(campeã).  
Disponível  
em:  
agosto de 2021.  
As Ganhadeiras de Itapuã: Sobre o grupo. Disponível em:  
https://ganhadeirasdeitapua.org/p/sobre-o-grupo/. Acesso em 29 de agosto de 2021.  
As Ganhadeiras de Itapuã. @asganhadeirasdeitapua. Disponível em:  
Documentário As Ganhadeiras de Itapuã - As Ganhadeiras da Viradouro (Carnaval 2020).  
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8Tzbf5PGFFg. Acesso em 10 de setembro  
de 2021.  
**Este trabalho foi originalmente publicado no livro Diálogos  
Científicos(2023), da Editora Coletivo Cine-Fórum,  
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